Há duas semanas, no entanto, Passos Coelho não punha de lado um aumento do IVA de 23% para 24% no Orçamento do próximo ano: “Seria muito fácil dizer que não há aumentos de quaisquer impostos em 2015, mas não sei se isso é ou não possível”. E a ministra das Finanças também não fechava a porta a tal hipótese: “Para o próximo ano, a discussão sobre um aumento de impostos ainda não se iniciou”, avisava.
Sabendo-se que o OE para 2015 tem que estar pronto dentro de um mês, convenhamos que só um Governo muito esquizofrénico é que anunciaria, numa semana, desistir do aumento do IVA de 23% para 23,25% e apareceria, duas semanas depois, a comunicar que afinal o IVA vai subir de 23% para 24% (o que representaria uma receita extra de 600 milhões). Se Passos Coelho não está esquizofrénico nem perdeu repentinamente as noções mínimas da gestão política das expectativas sobre aumentos de impostos, então podemos concluir que caiu mesmo de vez qualquer hipótese ou tentação de fazer saltar o IVA para 24% em 2015. O que são boas notícias.
Em particular, para o CDS. Que voltou a insistir esta semana, pelas autorizadas vozes de Paulo Portas e Pires de Lima, que “o Governo tem de trabalhar para aligeirar a carga fiscal”, porque “os impostos já estão muito altos”.
Sabe-se que em 2015, ano de legislativas, o Governo vai devolver 20% dos cortes salariais aos funcionários públicos. E Pires de Lima propõe mais: que, depois da reforma do IRC, “a moderação fiscal possa chegar também àqueles que vivem do seu trabalho”, isto é, a uma redução da sobretaxa do IRS.
Passos Coelho bem pode continuar a dar sinais de que, por ele, “que se lixem as eleições”. O CDS é que não está pelos ajustes. E não acompanha esse estado de espírito.