Empresas portuguesas com oportunidades de negócios na Tunísia

O secretário de Estado da Economia defendeu a participação de Portugal no desenvolvimento da Tunísia, país onde vão ser apresentados hoje projetos de 2,6 mil milhões de euros, que disse constituírem oportunidades para as empresas portuguesas.

A apresentação de 22 projectos na Tunísia decorre à margem de uma conferência internacional, que se realiza hoje, sobre a transição política naquele país e oportunidades de investimento, numa iniciativa do Governo de transição em parceria com o chefe do Governo francês, Manuel Valls, que também vai estar presente.

O secretário de Estado Adjunto e da Economia, Leonardo Mathias, que participa na conferência, disse à Lusa a partir de Tunes, que os 22 projectos de investimento abrangem áreas em que "Portugal tem competências, qualidades e experiências relevantes", como os sectores da água, saúde, estradas, transportes e energia, portos e zonas logísticas.

O governante salientou que a conferência de hoje é um primeiro apelo à participação internacional no desenvolvimento da Tunísia, com eleições legislativas e presidenciais ainda este ano.

Na conferência estarão presentes 30 países, 20 instituições económico-comerciais, instituições multilaterais e sete fundos internacionais. 

"A presença de Portugal é extremamente importante, até porque Portugal vai organizar a cimeira luso-tunisina em Lisboa em 2015", salientou Leonardo Mathias, lembrando que o ministro dos Negócios Estrangeiros tunisino esteve em Portugal em Junho e que vão realizar-se mais reuniões, nas áreas dos transportes e turismo e no âmbito do grupo 5+5 (países do norte de África e do sul da Europa).

O secretário de Estado lembrou também que as exportações de Portugal para a Tunísia ascendem aos 170 milhões de euros e que há 407 empresas registadas com negócios no país, de áreas como os têxteis, couros e peles, energia, madeira, cortiça e papel ou vestuário e calçado. 

Leonardo Mathias recordou que, apesar dos "grandes desafios políticos", a Tunísia tem um crescimento económico de 4%.

Portugal, mesmo através de parcerias público-privadas, deve estar presente no desenvolvimento tunisino, disse, acrescentando que as empresas portuguesas devem continuar a exportar não só as suas competências técnicas, mas também pensar numa estratégia que tenha a ver com todo o Magreb.

" A Argélia já é um país onde há bastantes oportunidades para várias áreas das empresas portuguesas e queremos consolidar essas oportunidades aqui [na Tunísia] também", salientou.

A conferência 'Invest In Tunisia: Start-Up Democracy' acontece após a adopção da nova Constituição tunisina, em Janeiro, e quando estão já marcadas as eleições legislativas e presidenciais, previstas para 23 de Outubro e 26 de Novembro.

Desde a revolução de Janeiro de 2011, que deu início à designada "primavera árabe", e a fuga do então Presidente Ben Ali para a Arábia Saudita que a Tunísia aguarda a adopção de instituições definitivas. 

Após meses de difíceis negociações, os líderes das principais formações políticas apenas concordaram em meados de Junho sobre a ordem dos novos escrutínios. A vida política interna do país magrebino tem sido atribulada, com os conflitos sociais e o surgimento da violência atribuída a grupos ''jihadistas' a comprometerem o crescimento económico.

Lusa/SOL