As estações do Metro de Lisboa estiveram hoje fechadas devido à greve parcial dos trabalhadores, que obrigou à suspensão do serviço de transporte entre as 06h30 e as 11h00, estando normalizada a circulação desde as 11h30.
De acordo com Anabela Carvalheira, todas as estações encontravam-se fechadas até às 11h00, o que revela "um bom índice de adesão à greve".
Cerca de 40 trabalhadores e reformados do Metropolitano de Lisboa concentraram-se esta manhã em frente à sede dos Serviços de Fiscalização do Metro, na Avenida Sidónio Pais, para reivindicar as condições de trabalho e a concessão da empresa ao sector privado.
Convocada pelas organizações sindicais representativas dos trabalhadores do Metropolitano, a greve decorreu entre as 05h00 e as 11h00 para a generalidade dos trabalhadores e entre as 08h30 e as 12h30 para os trabalhadores administrativos e técnicos superiores.
Esta greve é "mais uma grande luta dos trabalhadores do Metro de Lisboa", onde mais uma vez são reivindicadas "as condições de trabalho, que são cada vez piores, a diminuição do número de trabalhadores, que são claramente no intuito de entregar esta empresa ao sector privado, visando o lucro e obviamente diminuindo o número de trabalhadores e piorando o serviço à população", afirmou a sindicalista.
A paralisação de hoje visa exigir o "respeito pelo acordo de empresa", além da "manutenção da empresa no sector empresarial do Estado", para que possa prestar "um serviço público de qualidade às populações, contrariamente à ideia do Governo e da administração de criar mais clivagens entre os trabalhadores".
Para Anabela Carvalheira, existem condições para o Metro prestar "um bom serviço público" e os trabalhadores querem que este seja mantido.
Foi marcada para dia 25 de Setembro, "uma greve de 24 horas, que vem no seguimento das decisões de outros plenários, em que os trabalhadores demonstraram, claramente, que queriam intensificar as formas de luta, portanto desde que não venha nenhuma resposta por parte do Governo ou por parte da administração [da empresa do Metropolitano de Lisboa] de resolução das nossas questões, obviamente avançaremos com essa greve", revelou a dirigente da Fectrans.
Presente na concentração de trabalhadores esteve José Silva Marquês, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Tração do Metropolitano de Lisboa (STTM) e camionista da empresa há 21 anos, que contesta as actuais condições de trabalho e relembra os acidentes que tem acontecido.
"As condições de trabalho, que nos estão a ser fornecidas neste momento, não são as mais adequadas para o tipo de trabalho que nós fazemos", a diminuição de trabalhadores efectivos no Metro "pode ter repercussões na segurança do Metropolitano de Lisboa", alertou o camionista da empresa.
José Silva Marquês lembrou o acidente na Linha Vermelha do Metro de Lisboa, que aconteceu no dia 29 de Julho, entre as estações de Moscavide e Aeroporto, na sequência do descarrilamento de uma composição que feriu o maquinista, que "ainda está no hospital", disse.
Segundo a dirigente da Fectrans, os padrões de segurança da empresa deterioraram-se e "o Metro não tem que manter a segurança mínima, o Metro tem que manter a segurança máxima", reforçou.
O conselho de administração do Metropolitano de Lisboa comunicou que irá tomar "as medidas necessárias que garantam a sustentabilidade e a qualidade do serviço" que transporta diariamente cerca de 500.000 pessoas.
A Lusa tentou contactar a administração do Metro de Lisboa, mas, até ao momento, não obteve resposta.
Lusa/SOL