2. Esta iniciativa dos Estados Unidos é particularmente notável, atendendo à circunstância de coincidir com a passagem de mais um ano sobre os acontecimentos dramáticos e chocantes do atentado terrorista em Nova Iorque – os atentados de 11 de Setembro. Quando famílias inteiras choram as suas perdas, quando a tristeza, a mágoa e as lágrimas invadem Nova Iorque – eis que o Presidente Barack Obama, em representação dos cidadãos dos Estados Unidos, anunciou a luta, sem tréguas, aos terroristas do ISIS. Quando o medo poderia conter os americanos, a tragédia ainda bem presente na memória de todos poderia conduzir à inacção, os Estados Unidos dão uma lição a todos nós de que a verdadeira tragédia, a verdadeira derrota, ocorre quando nos resignamos ao mal, aos actos criminosos de alguns grupúsculos que matam arbitrariamente, que difundem o terror e o caos. Que tornam, enfim, insustentável a subsistência da sociedade. E, ao não resignar, os Estados Unidos da América- e todos os cidadãos norte-americanos individualmente considerados – prestam a homenagem mais nobre, mais sublime, a todas as vítimas do 11 de Setembro: provam que a sua morte não foi em vão, que os criminosos que lhes subtraíram a vida não vencerão – a liberdade e a democracia vencerão sempre. A simbologia de anunciar o ataque ao ISIS na véspera do dia 11 de Setembro (em Portugal, já era dia 11 de Setembro) mostra que, por muito caos e terror que tentem lançar, os terroristas e criminosos, em qualquer ponto do Mundo, serão derrotados.
Sem dó, nem piedade. As democracias são o domínio da argumentação, da racionalidade, e do pluralismo – mas quando os nossos adversários não reconhecem (tão pouco) respeitam estes valores, a única resposta é responder na mesma moeda, isto é, recorrer á força. Tal não deslegitima, nem enfraquece a democracia – protege a democracia. Torna o nosso ideal democrático possível.
3. Quanto ao caminho em concreto definido pelo Presidente Barack Obama, alguma opinião pública americana, secundada por ilustres figuras do Partido Republicano (por exemplo, Ted Cruz – Senador do Texas – que deu uma excelente entrevista, embora não concorde com muitos pontos, ao programa “ The Kelly File”, na FOX NEWS) considerou que uma ataque militar, a locais estratégicos, é “too little, too late”. Uma acção que chega demasiado tarde – e demasiado branda. Ora, uma apreciação deste juízo levar-nos-ia para um comentário mais amplo sobre a actualidade política norte-americana. Não é o que pretendemos hoje, no presente texto. O importante aqui, hoje, é desejar que a acção militar dos EUA, apoiada por várias forças europeias, tenha muito êxito e que o ISIS seja derrotado implacavelmente. Quando o fim é atingido, a discussão sobre os meios torna-se etérea. E agradecer a bravura enorme dos americanos. Muito obrigado, Estados Unidos da América!
4. Uma última palavra sobre o posicionamento português quanto ao ataque militar ao ISIS. Naturalmente, que Portugal deve apoiar incondicionalmente, colocando-se ao lado das forças do mundo livre e democrático. Em matéria de política externa, Portugal tem de estar sempre ao lado dos EUA e dos países lusófonos. Passos esteve bem na posição do Governo português face à Ucrânia – e aqui também estará certamente.
Sugestão
Sobre o 11 de Setembro – a explicação das suas causas e a reacção dos EUA – importa ler o livro muito bom (pedagógico, problematizante e de leitura acessível para todos os interessados) de Vasco Rato – “ Compreender o 11 de Setembro”, Editora Verbo. Pelo que me disseram já só há 2 exemplares disponíveis, por isso, os leitores devem procura-lo imediatamente. E espera-se que o Autor faça uma segunda edição muito em breve e, quem sabe, já com uma apreciação da doutrina Obama!