Primeiro, porque me parece que não chega ser um bom economista ou gestor, mesmo conhecido como a consciência critica do capitalismo (pelas criticas que verteu à ética, ou falta dela, de muitos dos grandes gestores actuais). Por alguma razão os grandes banqueiros nem sempre têm formação superior em gestão e economia (parece-me ser esse o caso de Fernando Ulrich, e é pelo menos o dos fundadores das grandes dinastias de banqueiros). Mas é preciso uma grande sensibilidade para o sector, e para os factores subjectivos que o movem (a começar pela confiança e pela apelatividade da marca e da imagem). Começo por isso por tirar o chapéu a Vítor Bento, que não se agarrou simplesmente ao lugar.
Mas naquele aspecto, Eduardo (Stock) da Cunha é uma melhor escolha. Anda a trabalhar na Banca há 30 anos, suponho que inicialmente levado para o Santander por Horta Osório (com quem estava a trabalhar agora outra vez no Lloyds).
Ainda assim não me parece suficiente para o êxito da sua missão. A fuga de depósitos do Novo BES tem sido constante (se eu tivesse lá algum dinheiro, também o retiraria o mais depressa possível), e a isso se deveu a mudança de posição do Banco de Portugal, desentendendo-se com a equipa de Bento, por pretender apressar a venda do Novo Banco.
Num programa que ontem vi num dos canais de TV, alguém comentava não entender porque é que a família não tinha despachado Salgado, deixado falir a parte não financeira do BES, e apostado na recuperação do Banco? Assim, a frio, também me pareceria o melhor. Mas a família actuou a quente, como o Banco de Portugal e o Governo, e não se tomaram as melhores decisões.
Será que Eduardo da Cunha, conhecendo bem o sector, acha mesmo possível recuperar o Novo Banco, com uma marca tão asséptica? Ou vai apenas enveredar por fechar sucursais e despedir pessoal, desvalorizando cada vez mais o Banco, e andando por lá enquanto durar o dinheiro posto pelo Estado para a administração ir tirando gordos ordenados, até que algum Banco estrangeiro vá comprar, apenas para poder aumentar a quota de mercado deste sector estratégico – em que Portugal já é um caso único no Ocidente, pelo excesso que está em mãos estrangeiras? Veremos.