As últimas sondagens não indicam claramente qual o sentido de voto dos escoceses. O Telegraph dá quatro pontos percentuais de vantagem ao Não (47% contra 43%) mas contabiliza 8% de indecisos. O Daily Mail atribui a mesma vantagem ao Não (48% contra 44%) e igual número de indecisos. Já o The Scotsman, indicando também a mesma correlação de forças, aponta para a existência de 14% de inquiridos que ainda não decidiram como votar.
É este valor de indecisos, próximo dos 10%, a menos de 24 horas do início da votação, que não permite excluir a possibilidade de uma vitória do Sim.
Esta quarta-feira é o último dia de campanha. Alex Salmond, primeiro-ministro escocês e um dos protagonistas do campo independentista, pediu aos eleitores que “esqueçam a política”, referindo-se aos apelos de última hora dos partidos britânicos – desde a coligação liberal-conservadora à oposição trabalhista – cujos líderes rumaram nos últimos dias a Glasgow e Edimburgo em campanha pelo Não.
Mas os partidários do Não também não desejam a politização do referendo. O primeiro-ministro conservador David Cameron veio lembrar que o seu nome “não está no boletim de voto”.
“O que está no boletim é se a Escócia deve ou não permanecer no Reino Unido”, declarou o chefe de Governo, que atravessa uma profunda crise de popularidade.
Ainda no lado unionista, este foi o dia em que o ex-primeiro-ministro trabalhista britânico Gordon Brown, um escocês, veio apelar a um voto “patriótico” pelo Não.
“Lutámos duas guerras mundiais juntos. Não há um cemitério na Europa que não tenha um escocês, um galês, um irlandês e um inglês sepultados lado a lado. Quando lutaram juntos, jamais perguntaram uns aos outros de onde vinham”, afirmou num comício em Glasgow.
No resto da Europa, a possível vitória dos independentistas escoceses é agora seguida com muita atenção e mesmo preocupação em algumas capitais que temem que o eventual resultado impulsione campanhas separatistas da Catalunha à Flandres.
Em Espanha, o primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy veio alertar que uma Escócia independente terá de submeter um pedido de adesão à União Europeia como qualquer outro país, fechando a porta a um ‘atalho’ para os escoceses.
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pedro.guerreiro@sol.pt