Só por essa altura é que os votos terão sido totalmente contabilizados nas maiores cidades escocesas – Glasgow, Edimburgo e Aberdeen. Não porque a contagem demore realmente tanto tempo, mas porque a lei eleitoral obriga a pelo menos uma recontagem.
Até lá, o suspense é total. Os primeiros anúncios de resultados, que deverão surgir cerca das 2h, não esclarecerão qualquer dúvida, pois reportam a regiões rurais escassamente povoadas.
As últimas sondagens, divulgadas na quarta-feira, apontavam para uma vitória do ‘Não’ à independência por uma curta margem – 53% contra 47%. Mas o registo de cerca de 10% de indecisos mantém tudo em aberto. Isso e o facto das empresas de sondagens assumirem alguma falta de confiança nas próprias previsões devido á ausência de precedentes.
O dia eleitoral corre de forma pacífica. A polícia escocesa registou apenas um incidente relevante – uma agressão à porta de uma assembleia de voto em Clydebank. Não é claro que a ocorrência tenha tido motivações políticas, e o suspeito foi imediatamente detido. As autoridades não esperam problemas durante a noite.
Alex Salmond, primeiro-ministro escocês e um dos protagonistas da campanha pela independência, votou na aldeia de Strichen cerca das 9h da manhã. Questionado pelos jornalistas, o governante independentista disse estar confiante na vitória: “Estamos nas mãos dos escoceses. Não há lugar mais seguro no mundo que as mãos dos escoceses”.
No entanto, horas antes, um golpe para a campanha pelo Sim – a generalidade dos jornais escoceses fizeram manchete com apelos ao Não.
Do exterior também chegaram apelos semelhantes. Do Presidente francês François Hollande, que alertou para o risco de “desconstrução” da União Europeia por via dos nacionalismos, e do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy, que avisou os escoceses que terão de aguardar anos para regressar à União Europeia caso se tornem independentes.
Mais de 4.200.000 escoceses registaram-se para votar no referendo – cerca de 97% dos que teriam direito a participar no acto eleitoral, ou todos os cidadãos maiores de 16 anos.
pedro.guerreiro@sol.pt