O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu na terça-feira a necessidade de encontrar mecanismos de pré-reforma para trabalhadores com "longas carreiras contributivas", que não se adaptaram às novas condições de trabalho, com rendimentos e níveis de produtividade decrescentes.
"Saberá o Dr. Carlos Costa que as 'reformas antecipadas' oneram e sobrecarregam o orçamento da Segurança Social? Que quanto mais forem os 'reformados antecipadamente' maior é a despesa e menor a receita contributiva", questiona a Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados em comunicado enviado à agência Lusa.
A associação cita no comunicado declarações do Governador do Banco de Portugal, em que "aconselhou" que deveriam ser alargadas as reformas antecipadas, possibilitando que os "grisalhos" abandonassem mais cedo o mercado de trabalho porque se refugiam nas "baixas" dos Centros de Saúde e impedem de dar o lugar aos mais novos.
"Não deveria o Dr. Carlos Costa remeter-se ao exercício exclusivo das suas funções de Governador do Banco de Portugal? E exercê-las em pleno? Ou será que quer 'reforma antecipada'? Para que se mete em assuntos que não lhe dizem respeito", questiona ainda a associação.
No comunicado, a associação critica também o Governo por ter "cedido à pressão das entidades patronais" para fazer aprovar na concertação social o novo salário mínimo para 505 euros, "reduzindo-lhes a contribuição mensal da TSU em 0,75% sobre toda a massa salarial declarada".
"Estamos em presença de mais um duro 'golpe' na receita da Segurança Social e de mais um 'álibi' para se iniciarem novas desculpas dos 'maus pagadores' e da alegada falta de meios para respeitar o que deveria ser a 'honradez' do Estado 'pessoa de bem'", sublinha.
A APRe! manifesta "o seu repúdio por estes dois acontecimentos" e garante que irá defender as pensões e lutar "por todos os meios para que os fundos da Segurança Social sejam reforçados e nunca ?esvaziados' por medidas políticas desta natureza"
Lamenta ainda que a política esteja a ser baseada em cortes, quando "deveria ser norteada por reforços e alternativas de financiamento da Segurança Social" para "manter-se sustentável" e "honrar os compromissos assumidos com os reformados e pensionistas".
Lusa/SOL