O i noticiou quarta-feira que a família Espírito Santo recebeu, em 2004, cinco milhões e três administradores da Escom 15 dos cerca de 30 milhões de euros pagos à empresa pela German Submarine Consortium.
Segundo o mesmo jornal, que reconstitui a reunião de 7 de Novembro de 2013 em que Ricardo Salgado comunicava aos membros do Conselho Superior do Grupo Espírito Santo (GES) que explica a situação, o líder do BES disse: ‘E vocês têm todo o direito de perguntar: mas como é que aqueles três tipos receberam 15 milhões? A informação que temos é que há uma parte que não é para eles. Não sei se é ou não é. Como hoje em dia só vejo aldrabões à nossa volta… Os tipos garantem que há uma parte que teve de ser entregue a alguém em determinado dia’.
Salgado não chegou a revelar a identidade desse indivíduo mas acrescentou que havia planos para fazer o mesmo tipo de negócio com outros equipamentos militares como carros blindados, metralhadoras e fragatas – em 2004, a seguir aos submarinos, ficaram ‘todos com um ataque de arrependimento’ referiu o presidente da comissão executiva do BES.
As afirmações de Salgado suportam assim a teoria do Ministério Público de que a quantia paga à Escom é “desproporcional” ao trabalho realizado e que a empresa do GES – que foi assessora do consócio alemão na negociação das contrapartidas dos submarinos – foi intermediária para eventuais pagamentos ilegais.
O Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que há oito anos investiga a compra dos submarinos por suspeitas de corrupção, acredita que os 30 milhões tenham sido dirigidos a pessoas que influenciaram o concurso da compra dos submergíveis de modo a que a empresa alemã vencesse, “nomeadamente titulares políticos”.
Ainda assim, de todo este ‘esquema’ sobram 10 dos 30 milhões pagos à Escom. ‘O Luís Horta e Costa [um dos administradores da Escom] explicou que eram 30 milhões (…), depois teve encargos com advogados e mais não sei o quê e pagamentos por fora, mas garantiram que não tinham pago nada a ministros’, referiu o líder do BES na reunião. Não se sabe, porém, para quem foram estes pagamentos e quanto ao certo receberam os advogados. “Afinal quantas pessoas lucraram com a comissão que a Escom recebeu dos alemães no negócio [dos submarinos] e a que título receberam?”, questiona o i.