Jovens com doença mental interrompem medicação por falta de dinheiro

Há crianças e jovens com problemas de saúde mental que estão a interromper a terapêutica porque os pais não têm dinheiro para pagar os remédios ou a deslocação às consultas. 

A denúncia é feita pela pedopsiquiatra Paula Vilariça, responsável pela consulta de adolescência no Centro Hospitalar Lisboa Central, onde têm chegado algumas situações destas.

"Há fármacos muito caros e algumas famílias não conseguem arcar com as despesas da medicação. Os miúdos entram em descompensação por causa disso", afirmou ao SOL a pedopsiquiatra, dando o exemplo dos tratamentos para a hiperactividade que podem ter um custo mensal de 70 euros.

Paula Vilariça lembra ainda que muitos jovens seguidos em saúde mental têm consultas regulares mas estão a faltar porque as famílias não têm forma de se dirigir aos serviços.

"Não têm dinheiro para os transportes ou dizem que não podem faltar ao trabalho para acompanharem os filhos. Isto acaba por diminuir a eficácia dos tratamentos".

Outro sinal da crise, salienta a especialista, vê-se na marcação das consultas. "Tentam adiar para mais tarde por estas razões económicas ou relacionadas com o trabalho".

rita.carvalho@sol.pt