Director da OMS admite falta de financiamento para combater Ébola em África

O director Regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje, no Porto, que a OMS “não tem o financiamento que deveria ter para intervir no caso de epidemias, por exemplo em África”.

Director da OMS admite falta de financiamento para combater Ébola em África

Em declarações aos jornalistas, no final de uma conferência que proferiu sobre a epidemia provocada pelo vírus Ébola, na Universidade do Porto, Luís Sambo, admitiu que "se tivesse existido uma intervenção forte logo desde o início, as hipóteses de contenção teriam sido muito maiores".

"Infelizmente, a vigilância não funcionou na aldeia em questão [na Guiné-Conacri] e fomos surpreendidos pela epidemia", disse, referindo que, neste momento, os países mais afectados são a Libéria e a Serra Leoa.

Luís Sambo lembrou que a epidemia eclodiu "num meio muito pobre onde não existiam e não existem os meios para atender problemas de rotina e de saúde. E, sobretudo, problemas extraordinários como é o caso de uma epidemia". 

É uma situação que "exige meios especiais técnicos e tecnológicos que não estavam disponíveis na altura a começar pelo próprio sistema de vigilância de doenças da Guiné. O sistema de vigilância não funcionou a nível local, portanto houve uma apatia durante os primeiros meses de epidemia, que começou em Dezembro e foi declarada no mês de Março", referiu.

"Logo que tivemos a informação agimos, só que infelizmente esta epidemia é muito especial está a propagar-se de forma muito rápida, está a afectar muitos países ao mesmo tempo, inclusive as capitais, e tem um forte risco de propagação a nível mundial", acrescentou.

Segundo o responsável, "foram registados até este momento cerca de 7.500 casos de infecção por vírus ébola que provocaram cerca de 3.500 óbitos em todos os países afectados".

Luís Sambo disse ainda que a OMS está a "mobilizar as instituições de investigação médica no mundo para que acelerem os esforços", no que se refere a encontrar um medicamento que trave a doença.

Até agora, esses esforços têm sido "insuficientes", afirmou.

"Temos alguns produtos candidatos a vacinas que estão a ser testados, temos também alguns medicamentos experimentais que estão ainda em fase de investigação, mas temos esperança que com a aceleração deste processo de investigação e as necessidades que são prementes, o processo possa evoluir rapidamente e sem prejuízo para a qualidade dos produtos que serão produzidos daqui a algum tempo", acrescentou.

O responsável admitiu que "no próximo ano, já possa haver novidades".

Lusa/SOL