A UDP tem forte implementação em Aveiro, distrito pelo qual é eleito Pedro Filipe Soares, em Setúbal e Santarém e é possível que tenha uma votação expressiva na Convenção. Essa é pelo menos a percepção entre os dirigentes do BE. “Podem chegar à Convenção e ter maioria”, afirma ao SOL um dirigente bloquista.
Contudo, há a esperança que o ex-líder do BE, Francisco Louçã, seja decisivo. “Ainda tem um peso muito grande”, diz a mesma fonte. Louçã tem intervindo nas últimas Convenções e desta vez o seu discurso ganha outra importância, uma vez que apoia a liderança bicéfala de João Semedo e Catarina Martins.
Gémeas divididas
A guerra no BE está a dividir a bancada parlamentar e também as duas gémeas bloquistas, Mariana e Joana Mortágua. A deputada está ao lado da actual direcção, enquanto a irmã Joana, dirigente nacional, apoia Pedro Filipe Soares.
Contactada pelo SOL, Joana Mortágua não se mostrou disponível para falar. No Parlamento, a UDP conta também com o fundador Luís Fazenda, Mariana Aiveca e Helena Pinto, enquanto Cecília Honório está com a actual direcção.
O avanço de Pedro Filipe Soares estava a ser preparado pelo menos desde Julho com Luís Fazenda como principal impulsionador. Na apresentação da moção alternativa, o líder da bancada parlamentar arrasou a actual liderança do BE.
Acusou-a de “bater à porta do PS para um governo de esquerda sem condições”, criticando o apoio a Manuel Alegre nas últimas presidenciais e a “moção de censura a brincar” contra Sócrates, o que se traduziu nos maus resultados eleitorais.
Acusações que caíram mal na cúpula bloquista. Fernando Rosas (outro dos fundadores), Mariana Mortágua e José Gusmão, escreveram ontem uma carta a “desmentir a fábula” criada pelo líder parlamentar. Segundo os três dirigentes, que estiveram na reunião com o PS, o BE nunca propôs uma aliança “sem condições”. E criticam Pedro Filipe por não ter mostrado essas discordâncias na Mesa Nacional: “Porque escondeu do conjunto do partido a sua crítica durante um ano inteiro?”.
Já o ex-deputado José Soeiro lamenta que a UDP tenha considerado que “era o momento para privilegiar a afirmação interna e não fazer o esforço e a generosidade de procurar sínteses comuns”. Apesar da divisão, os bloquistas esperam que depois da Convenção o BE consiga voltar a unir-se. “A pluralidade do BE não é defeito, é feitio”, diz Soeiro.