Escrita no final do século XIX em verso alexandrino – “completamente fora de época” uma vez que pela mesma altura Tchékhov criava As Três Irmãs e Strindberg Menina Júlia -, a Bruno Bravo interessou-lhe “o lado popular muito forte da peça” e o facto de estar “cheia de detalhes”. “O Cyrano é uma personagem muito complexa que encerra em si não só o poeta e filósofo, mas também o humanista, o homem de grande sensibilidade, o lutador, o soldado e esgrimista genial e tempestuoso. Se não fosse o nariz talvez tivéssemos uma personagem completa, mas o nariz dá-lhe essa dimensão maior do que o lado físico e impede-o de ser amado pelas mulheres”.
Com oito actores, mais um elenco adicional de dez actores e uma multidão de 20 figurantes, o encenador diz que um dos grandes perigos de Cyrano de Bergerac é “não ficar lamechas”. “Tem textos de uma beleza insustentável e há golpes de poesia e paixão que são quase de ir à lágrima”, comenta Bruno Bravo, com a sensação de que o triângulo amoroso nas artes foi inventado por Edmond Rostand. “Hoje é um clássico, mas não me lembro de ter ouvido antes”, diz.
Depois do Maria Matos, os Primeiros Sintomas partem em digressão com a peça, com encenações agendadas para Guimarães a 25 de Outubro, Torres Novas a 8 de Novembro, Ovar a 22 de Novembro, Viseu a 12 de Dezembro, e por fim São Miguel, nos Açores, em Janeiro de 2015.