Entreter, mas com arte

Há três anos, quando Pedro Zuzarte (voz e guitarra), Manuel Siqueira (guitarra) e Bernardo Afonso (teclas), amigos desde a adolescência, se juntaram para formar uma banda faltava-lhes um baterista. Entre as relações próximas não conheciam ninguém que tocasse bateria, até que Pedro se lembrou de, há uns anos, numa festa de família, ter visto um…

Com o passar dos anos, Pedro não voltou a ter contacto com Diogo Teixeira de Abreu (bateria), mas como não lhe ocorreu mais nenhum nome para se juntar à formação acabou por abordar o primo. “Quando me ligou, não fazia ideia de quem ele era”, recorda Diogo, admitindo que não sabia ao que ia quando se encontrou com Pedro, Manuel e Bernardo.

Mas só quando os quatro jovens (têm entre 18 e 23 anos de idade) começaram a ensaiar, e a ganhar o entrosamento próprio de quem toca junto, é que o quarteto se oficializou.

Todos com formação musical – onde se contam passagens pela escola de jazz do Hot Clube, conservatório de Lisboa e, actualmente, o curso de Ciências Musicais da Universidade Nova -, depois dos inevitáveis covers, os Lotus Fever começaram a aventurar-se em temas próprios e, em 2012, surgiu o primeiro EP, The Lights Out. “O rock progressivo que fazemos já estava presente no EP, mas a sonoridade deste disco é mais trabalhada e complexa”, comenta Bernardo, a respeito de Search of Meaning, o primeiro longa duração que chegou às lojas na segunda-feira.

Com um “imaginário musical muito forte”, graças às influências eclécticas de cada membro – e que passam por nomes como Pink Floyd, Jeff Buckley, Radiohead, Bon Iver ou uns mais recentes Tame Impala -, Search of Meaning explora a visão “romantizada” de um “álbum como um todo”, com as camadas sonoras a criar vários ambientes e atmosferas.
Gravação financiada pelos fãs

“Numa época em que as pessoas ouvem singles em vez de discos, sabemos que é um pouco contracorrente fazer um álbum conceptual, para ser ouvido do início ao fim, mas não queremos ceder a esse tipo de facilitismos”, diz Pedro, com Bernardo a acrescentar: “Perdeu-se a noção de que a música é arte e não entretenimento”. E parecem estar certos no caminho que procuram para a sua música. O disco foi financiado através de uma campanha de crowdfunding no valor de cinco mil euros, revelando que os fãs querem mesmo ouvir um disco inteiro.

Com produção de Ramón Galarza, Search of Meaning está agora a ser mostrado numa digressão pelo país que, depois de Lisboa há uma semana, passou ontem por Évora (Sociedade Harmonia Eborense), vai passar pelo Porto e Coimbra (a 21 e 22 de Novembro respectivamente) e por Cascais (6 de Dezembro).

alexandra.ho@sol.pt