O novo seleccionador, que se compromete a chamar os jogadores em melhor forma a cada convocatória, defende que todos são convocáveis e diz não temer pressões para escolher este ou aquele: “Eu já tenho dois cães em casa, não temo rigorosamente nada”. O SOL recorda o que aconteceu aos quatro proscritos de Bento desde o último jogo pela equipa das quinas e o que fizeram deste então.
Ricardo Carvalho
Quando se apercebeu que não ia ser titular frente a Chipre, em Agosto de 2011, não esteve com meias medidas: falhou o almoço de grupo e saiu ao volante do carro de Fábio Coentrão, abandonando o estágio da Selecção sem dar justificações. Ficou marcado por Paulo Bento e nos três anos seguintes viu os jogos da equipa nacional pela televisão.
O defesa central nunca lidou bem com a condição de suplente. No Chelsea, em 2005, John Terry e William Gallas relegaram-no para o banco e recorreu à imprensa para dizer que não percebia as opções de José Mourinho. A resposta do treinador não tardou: “Trabalha comigo há quatro anos e não me compreende? Bom, então temos que testar o seu quociente de inteligência”.
Cinco anos depois acompanhou o técnico português para Madrid. Começou a titular, mas na segunda época lesionou-se e ao regressar esbarrou na afirmação de Sergio Ramos. Acabou por rumar em 2013 ao Mónaco, que lhe prometia um lugar no onze.
Agora, já com 36 anos e indiscutível no Principado, volta a ser chamado à Selecção. E com uma palavra de compreensão dirigida a Paulo Bento. “Se estivesse na posição dele, talvez tivesse feito o mesmo e também nunca mais me convocava”, sublinhou, pedindo “desculpa a toda a gente” pelo erro.
Danny
Foi convocado para os jogos com a Islândia e a Dinamarca, em Outubro de 2011, mas recusou apresentar-se, alegando “razões pessoais e privadas”. Paulo Bento tudo fez para o convencer a mudar de ideias, sem êxito. Dois meses depois, soube-se que a verdadeira razão que levou o jogador a pedir dispensa tinha sido uma intervenção cirúrgica a um quisto sebáceo na barriga.
A justificação não caiu bem e Danny só voltou a alinhar por Portugal em 2013. Cumpriu dois amigáveis e jogou escassos 73 minutos na qualificação para o Mundial-2014. Até que foi suplente com Israel e dispensado frente ao Luxemburgo, quatro dias depois, por razões médicas. No entanto, 48 horas depois já treinava no Zenit e jogou nessa semana diante do CSKA Moscovo.
Polémicas e lesões à parte, o extremo de 31 anos nunca conseguiu explicar a ausência das convocatórias. Paulo Bento abriu um pouco mais o jogo recentemente: “Danny sabia quais eram as minhas opções e o porquê”. Com Fernando Santos, o luso-venezuelano inicia um novo capítulo.
Tiago
Defendeu as cores de Portugal em 58 jogos, apontou três golos e tinha 86 internacionalizações em todos os escalões. Um currículo que não evitou que, aos 29 anos, dissesse adeus à Selecção. Despediu-se no duelo com a Islândia, em Outubro de 2010. Foi o quinto jogador a renunciar pós-Mundial da África do Sul, seguindo as pisadas de Deco, Simão, Paulo Ferreira e Miguel. “Naturalmente, lamento”, reagiu Paulo Bento.
Quatro anos depois, Fernando Santos convidou-o a regressar e o médio do Atlético de Madrid não hesitou. “Perguntou-me se eu estava disponível e, com a alegria de uma criança, respondi que sim”, explicou no regresso aos trabalhos em Óbidos.
Tiago lamenta a sua renúncia, motivada por estar “um pouco cansado do futebol”, mas agora diz-se mais feliz do que nunca, mesmo não tendo nenhum “papel assinado para ser titular”. E penitencia-se por ter fechado as portas à Selecção: “Arrependo-me de ter enviado aquele fax”.
Ricardo Quaresma
Já perto do fim de um treino de preparação para o Euro-2012, Miguel Lopes entrou de forma mais ríspida sobre Quaresma, que o agrediu com um pontapé. A troca de 'mimos' foi sanada pelos companheiros de equipa, mas Paulo Bento não terá gostado da reacção violenta do jogador, na altura ao serviço do Besiktas. Durante o Europeu, na Polónia, nem pisou o relvado.
Não há certezas se foi esta a principal razão para a ausência prolongada do jogador, mas o extremo que hoje actua no FC Porto não voltou a ser chamado pelo antigo seleccionador. Nem para o Mundial-2014, quando a sua presença era quase inquestionável, devido ao momento de forma na Invicta. Perdeu o bilhete para Vieirinha. Bento justificou a exclusão com critérios “técnico-tácticos”, alegando que a presença de Ronaldo invialibizava a presença de outro extrema com pouca apetência defensiva. Mas no recente duelo com a Albânia, com o capitão ausente, Quaresma foi de novo esquecido.
Só agora que o antigo colega de quarto no Sporting abandonou o cargo de seleccionador é que Quaresma regressa. A última aparição remonta a um amigável frente à Turquia, em Junho de 2012. “Amigos, estou muito feliz pela oportunidade de voltar a vestir esta camisola. Obrigado a todos, força Portugal”, reagiu no Facebook.