Isto determina que, só há três partidos que contam verdadeiramente para as eleições, no sentido de terem capacidade de obter representação parlamentar – a Frelimo, a Renamo e o MDM.
A Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) é o partido histórico da guerra da independência, que iniciou a luta armada no Norte do país, em 1964. Está desde 1975 no poder. O candidato à presidência do partido é Filipe Nyusi, um engenheiro de 55 anos, até agora ministro da Defesa. É natural do Norte, de etnia maconde, e a sua candidatura equilibra a representação regional.
O candidato da Renamo (Resistência Nacional de Moçambique) é, como sempre, Afonso Dhlakama. O líder da guerrilha nos anos 80 e signatário dos Acordos de Roma, assinou, em cima da hora, um acordo de pacificação com o Presidente Guebuza, que lhe permitiu sair da clandestinidade e disputar a eleição. Com 61 anos, é o mais velho dos candidatos.
O mais novo, com 51 anos, é Daviz Simango, o presidente da Câmara da Beira e o chefe da 'terceira força', o MDM, (Movimento Democrático de Moçambique). O MDM resultou de uma dissidência da Renamo, chefiada por Simango, depois de Dhlakama não o recandidatar pela Renamo à Câmara da Beira.
Com excepção de cenas de violência entre partidários da Frelimo e do MDM, nas províncias de Gaza e Nampula, a campanha tem decorrido com tranquilidade e com muita participação popular. O candidato Nyusi revelou-se um bom orador – popular, objectivo, simpático – longe da arrogância e fundamentalismo ideológicos. E a sua campanha tem bons meios. Dhlakama, também graças ao seu regresso de última hora, depois de dois anos de desaparecimento (foi em Outubro de 2012, para a sua antiga base de Satungira), tem feito sensação na campanha. Grandes multidões, apoio popular, como o paladino dos esquecidos.
Quanto a Simango, ele e o seu partido trazem o trunfo da vitória das eleições autárquicas, em que ganharam três das cinco maiores cidades e perderam por escassa diferença Maputo e Matola. Parecem manter forte apoio nos jovens e nas classes médias urbanas.
Conheço pessoalmente estes três políticos e qualquer deles tem convicções, determinação e capacidade de chefia. Os acordos de Agosto que, in extremis, salvaram as eleições, terão que ser respeitados. Os amigos de Moçambique, que, não sendo moçambicanos não podem nem devem tomar partido público, podem e devem, isso sim, fazer todos os esforços para que não surja nenhuma espécie de ruptura, que as eleições sejam livres e justas e os seus resultados acatados por vencedores e vencidos.