"Antes da meia-noite, o Citius fica operacional em Faro. Nas outras comarcas já está", disse Carlos Brito à agência Lusa, observando que, com o levantamento do sistema informático na comarca de Faro [a última a ser intervencionada], o Citius é restabelecido a nível nacional e no novo figurino do mapa judiciário.
O membro da direcção do IGFEJ reconheceu que, apesar de a plataforma informática ficar operacional nas 23 comarcas a partir das 24:00 de hoje, haverá "pequenos ajustes a fazer", porque os tribunais "estão sempre a mexer". Será necessário "ajustar o Citius à dinâmica de cada comarca", precisou.
Carlos Brito observou que, com a nova organização judiciária, os tribunais passaram de uma "realidade cristalizada" para uma "realidade muito mais dinâmica", em que é "preciso fazer acertos e ajustes".
Quanto à metodologia seguida para desbloquear o Citius, realizada comarca a comarca, o responsável do IGFEJ revelou que isso permitiu "concentrar recursos" cada vez que uma comarca era intervencionada, tornando "mais fácil" a gestão do sistema.
O "tratamento intensivo" comarca a comarca permitiu à equipa do IGFEJ um "maior controlo e gestão do processo em si", observou Carlos Brito, notando que isso levou a uma maior "agilização" e "rapidez" na resolução do problema.
O dirigente do IGFEJ considerou que a comarca "mais difícil" foi a dos Açores, porque foi a primeira onde o Citius foi restabelecido. Para levantar o sistema em Lisboa-Oeste, comarca de grande dimensão, foram precisas 15 horas.
Na opinião de Carlos Brito, a chave para recuperar o Citius foi "um conjunto de pessoas que deixaram de viver 8 semanas" para se dedicarem unicamente ao Citius.
No final, terão sido transferidos aproximadamente três milhões de processos, estimou.
Relativamente aos processos que entraram em papel nos tribunais, durante o período em que o Citius bloqueou, terão de ser "digitalizados" e introduzidos no sistema. "Vai consumir tempo", admitiu.
A falha do Citius no arranque do novo mapa judiciário, a 1 de Setembro, gerou críticas de magistrados, advogados e funcionários judiciais que alertaram para o "caos" gerado nos tribunais, tendo, no plano político, levado partidos da oposição a pedir a demissão da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.
A ministra – que disse ter sido informada de que o Citius estaria a funcionar a 1 de Setembro – prometeu instaurar um processo de averiguações ao sucedido.
Lusa/SOL