Ainda frágeis, as tréguas entre Ancara e o PKK duravam há mais de um ano – desde Março de 2013. Agora parecem ter chegado ao fim.
Não há qualquer informação sobre o número de mortos, mas o jornal turco Hurriyet Daily fala em “pesadas baixas” na aldeia. O mesmo jornal escreve que este ataque foi a resposta ao assalto, por parte dos PKK, de um posto militar em Daglica. As forças armadas turcas corroboram esta afirmação.
Há também relatos de confrontos entre ambas partes, na segunda-feira, na região de Tunceli, a centro-Oeste do país e bem longe da fronteira, quer da Síria quer do Iraque.
Dois comandantes dos PKK feridos nos combates em Daglica foram detidos pelas autoridades turcas quando chegaram ao hospital, segundo a agência turca Anatolia.
Os curdos estão furiosos com a inacção de Ancara em relação ao Estado Islâmico, mais propriamente com o total desprezo com o que se passa em Kobane – uma cidade síria de maioria curda, perto da fronteira com a Turquia. Houve acesas manifestações em mais de 30 cidades turcas, na semana passada. Numa delas, morreram mais de 31 pessoas.
Turquia tem impedido os curdos que querem entrar na Síria
A pressão entre as duas partes – Turquia e PKK – foi escalando ao longo dos últimos tempos, por isso o desfecho de hoje não é uma total surpresa.
Os combatentes do PKK estão a auxiliar as milícias curdas YPG na batalha em Kobane. A Turquia, para além de continuar a recusar intervir sob qualquer forma, tem também impedido os curdos que querem lutar em Kobane de entrar na Síria. Hoje, o presidente francês apelou a Ancara que abra as suas fronteiras.
“Para nós, o PKK e o EI são a mesma coisa “, disse o presidente turco, Tayyip Erdogan, na semana passada. “É errado considerá-los como diferentes uns dos outros”, concluiu.
As milícias curdas começam a acreditar que esta não intervenção em Kobane é uma jogada política mesquinha, já que se a cidade for perdida para o EI as esperanças de formarem uma região autónoma na Síria ficam bastante reduzidas.
A Turquia recusa-se a ceder. Tayyip Erdogan não concorda com a estratégia da coligação liderada pelos Estados Unidos. Ancara só participará nas ofensivas quando for decidido também atacar o regime do Presidente sírio, Assad.
“A Turquia não vai embarcar numa aventura [na Síria] por insistência de alguns países. A menos que a comunidade internacional faça o que é necessário e apresente uma estratégia integrada", disse o primeiro-ministro turco, Davutoglu, esta terça-feira.