O que mudou de um dia para o outro? Um telefonema do Presidente dos EUA ao homólogo turco. Washington confirmou a existência da conversa e apesar de não se saber qual foi a resposta de Erdogan, tudo indica que terá mudado de opinião.
As inúmeras manifestações de curdos na Turquia, algumas delas que se saldaram com dezenas de mortos, também podem ter aumentando a sensibilidade de Erdogan.
“Estamos a ajudar as forças peshmergas – tropas curdas – a chegarem a Kobane ”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, esta segunda-feira. Ancara mantém relações cordiais com as autoridades da região do Curdistão iraquiano.
Apesar deste acordo, a Turquia continuará a bloquear quaisquer combatentes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão – PKK – de entrar na Síria, diz a agência de notícias AFP.
O Presidente turco tem afirmado sistematicamente que o grupo independentista PKK “e o EI são a mesma coisa”. Na semana passada, a Força Aérea turca bombardeou o grupo curdo na aldeia de Daglica, perto da fronteira entre a Turquia e o Iraque.
Para não ferir susceptibilidades, Washington foi muito cuidadoso na oficialização deste envio de armas aos curdos que combatem em Kobane. O Comando Central dos EUA na região, num comunicado, refere que aviões norte-americanos enviaram “armas, munições e medicamentos”, mas que estas foram “fornecidas pelas autoridades curdas no Iraque”.
O mesmo comunicado refere que mais de 135 ataques aéreos foram feitos em Kobane, desde o início de Outubro, “havendo indicações de que o avanço do EI abrandou e que centenas de combatentes extremistas foram mortos”. Contudo, “Kobane ainda pode cair”.
Ancara não concorda, contudo, com a política militar dos EUA, na Síria, ser apenas relativa ao EI. Para que o segundo maior exército da NATO entre em acção, os ataques terão que englobar o regime de Assad. Este tem sido um dos grandes pontos de discórdia entre os dois países – e que um telefonema não resolve.