O almirante Anders Grenstand afirma que a marinha está pronta a usar o seu armamento para obrigar o suposto submarino a emergir. “Queremos enviar uma mensagem muito clara de que a Suécia e as suas forças armadas estão em acção e estão prontas a agir quando pensamos haver algum tipo de actividade que viole as fronteiras”, acrescentou na terça-feira o general Sverker Göranson, comandante supremo das FA daquele país nórdico.
(A zona onde decorrem as buscas – Google Maps)
A Rússia nega que um qualquer navio seu tenha sido avistado na área, chegando mesmo a sugerir na segunda-feira que se poderá tratar de um submarino holandês em exercício na região – algo que Haia desmente categoricamente. Mas o jornal sueco Svenska Dagbladet noticiou no dia 16 que foi interceptada uma mensagem de socorro em russo, e a tese que circula é a de que um submarino de Moscovo terá sofrido algum tipo de problema técnico durante uma missão clandestina na costa da Escandinávia.
No dia 19, um habitante do arquipélago divulgou uma fotografia daquilo que será o submergível:
Mais tarde, terão sido escutadas novas comunicações para a base naval russa de Kaliningrado com origem no leste sueco.
Para além de uma nova crise diplomática entre Estocolmo e Moscovo (houve uma similar em 1981), o incidente também se revela um embaraço para o Governo e as forças armadas da Suécia. Isto porque as autoridades assumiram que é “extremamente difícil” detectar um submarino nas suas águas, e que outras violações territoriais ocorridas ao longo das últimas décadas não resultaram em qualquer intercepção, à excepção da referida captura do U137 no início dos anos 80, depois deste ter encalhado na costa.
E também porque parece haver uma divergência entre o discurso político e o militar. Na segunda-feira, o primeiro-ministro Stefan Löfven negou estar em curso uma “caça ao submarino”. Nos dias seguintes, as forças armadas disseram o contrário. E as imagens mostradas pela televisão e imprensa suecas evidenciam a mobilização geral das forças de Estocolmo.
O caso do submarino ‘fantasma’ acontece num momento de alta tensão entre a NATO e o Kremlin devido ao conflito no leste ucraniano. A Aliança Atlântica tem reforçado a sua presença militar no Báltico, e sobretudo na Estónia, Letónia e Lituânia, perante o receio de um contágio da crise.
De resto, o Governo lituano sugeriu que a presumível missão do submarino russo estará relacionada com um carregamento de gás natural a caminho do seu território, numa altura em que Vilnius redobra esforços para declarar a independência energética face a Moscovo.
pedro.guerreiro@sol.pt