Caro José António Saraiva,
Um colunista do vosso espaço de opinião da edição online escreveu, no passado dia 22 de Outubro, mais um texto absolutamente indigno de aparecer ligado a um jornal como o SOL (texto esse que foi, estranhamente, republicado no dia seguinte, com algumas alterações). Nunca quis responder ao que esse indivíduo escreve sobre mim e que, normalmente, alterna entre o ódio delirante e um elogio desnecessário. Só que, tem-se vindo a agravar, nos últimos tempos, o tom com que exprime a sua obsessão. Não sei aliás se a obsessão é dele, se é de outrem. Confesso admirador devoto de Marcelo Rebelo de Sousa, esse colunista que, ainda por cima, tanto quanto julgo saber, é assistente na Faculdade de Direito de Lisboa, insulta sem quartel.
Aqui há semanas inventou que eu tinha caluniado sem limite o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. Agora, escreve uma série de disparates que, infelizmente, tenho mesmo que rebater:
1. Não falei com o Dr. Isaltino Morais de quem, de facto, nunca fui amigo ou colaborador. Não digo isto por ele ter cumprido uma pena de prisão. Conheço duas ou três pessoas que já passaram pelo mesmo e não é isso que me leva a renegar esses conhecimentos. Tenho por Isaltino Morais e pela obra que fez em Oeiras a grande consideração que a generalidade dos portugueses lhe reconhece ser devida por esse motivo. Mas eu nunca fui presidente da Assembleia Distrital de Lisboa quando Isaltino Morais era o presidente da Comissão Política. Marcelo Rebelo de Sousa é que foi. Eu nunca fui presidente da Assembleia Municipal de Oeiras com Isaltino Morais na presidência da Câmara. Luís Marques Mendes é que foi. Isaltino nunca foi meu ministro. Foi ministro de Durão Barroso. Que eu saiba, Isaltino Morais apoiou-me quando fui para a Câmara de Lisboa e fiquei sensibilizado por esse apoio, porque ele era na altura considerado – uma expressão do próprio Marcelo – o autarca modelo.
2. Nunca trabalhei com Isaltino Morais e nunca fui designado por ele para cargos de administração de quaisquer empresas ou instituições. Marques Mendes é que foi… para a Universidade Atlântica. E foi apenas essa alusão, no âmbito da actualidade política da semana, que fiz no meu comentário da CMTV, de 13 de Outubro de 2014, aproveitando para, de passagem, dar a “cacha” da publicação do livro de Isaltino Morais, como se constata na transcrição seguinte: “Eu estranho que quem critique tanto Nuno Crato, não fale de Paula Teixeira Cruz […] Eu sei que Marques Mendes tem um longo percurso comum com Teixeira da Cruz. Foi vice-presidente dele, estiveram os dois na Universidade Atlântica, em Oeiras, a convite de Isaltino Morais e, portanto, há uma solidariedade ao longo dos anos que leva, se calhar, que não haja ataques. […] Aliás, a este propósito, […] sei que Isaltino Morais vai publicar, em Abril, um livro, onde fala das suas relações com muitos dirigentes destacadíssimos, entre eles Marques Mendes, ao longo dos anos, onde ele fala sobre aquilo que nunca falou.”
Tenho muita consideração pela Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, e nada disse sobre ela, e não deixei de ter a mesma consideração pelo Dr. Marques Mendes.
3. Não foi a mim que Isaltino Morais disse que ia publicar um livro. Foi a uma pessoa que é amiga de ambos. Mas eu nunca fui amigo de Isaltino Morais. Até posso vir a ser, mas que me lembre nunca almoçámos ou jantámos juntos. Falámos pessoalmente poucas vezes nestas décadas. Por telefone, talvez duas ou três vezes. Mas mesmo que fosse seu amigo, nunca o renegaria. A questão é que os outros que o foram, renegam-no.
4. Quanto à coligação, nem vale a pena responder.
5. Eu sei que existe liberdade de expressão, mas um jornal não pode deixar publicar tudo. Aqui há pouco tempo, esse colunista deixou espaço idêntico no Expresso. Não sei as razões, mas ainda bem para o Expresso. É porque é preciso, de facto, cuidado. O mesmo cuidado que eu tive ao não responder a um pedido desse mesmo indivíduo, no dia 22 de Outubro de 2012, para ir trabalhar para o meu escritório de advogados. Ninguém gosta de ter de responder a pessoas que reiteram na calúnia e na mentira, mas o problema é que estas mentiras são reproduzidas em muitos espaços. Não vou dizer que cada professor tem o discípulo que merece, porque Marcelo Rebelo de Sousa não merece ter um seguidor assim. Nunca vi Marcelo caluniar ninguém. É uma pessoa educada.
Um abraço com toda a estima,
Pedro Santana Lopes
Lisboa, 23 de Outubro de 2014