Há 85 anos, um mundo acordou para uma Quinta-Feira Negra

24 de Outubro de 1929. Para a maior parte de nós, esta data pode não dizer grande coisa, mas os mais velhos reconhecem-na num instante.

Esta ‘Quinta-Feira Negra’ marcou, há exactamente 85 anos, o início da Grande Depressão, um período de recessão económica que se iniciou em 1929 e que só teve fim com a Segunda Guerra Mundial. Esta crise levou milhares de pessoas a perderem o emprego, desencadeou quedas drásticas do PIB, da produção industrial e de praticamente todas as actividades económicas.

De facto, a crise começou antes de 24 de Outubro. Este dia marca o início deste longo período por ter sido a data em que os valores das acções na bolsa de Nova Iorque caíram drasticamente. 

Milhares de norte-americanos perderam tudo o que tinham da noite para o dia. As pessoas com menos posses eram forçadas a migrar, à procura de uma vida melhor que, muitas vezes, não existia. 

Várias obras ilustram o desespero sentido por este povo naquela altura, mas uma das que melhor descreve o esforço feito pela maioria dos americanos é ‘As Vinhas da Ira’, de John Steinbeck, no qual uma família recolhe todos os seus pertences e ruma ao desconhecido, procurando uma oportunidade na costa Oeste do país. Ao chegarem ao destino, apercebem-se que a promessa de um mundo melhor não passa disso mesmo – uma promessa. 

Tal como a família de Tom Joad – a personagem criada por Steinbeck – milhares de pessoas ficaram sem casa, sem emprego, sem comida. Milhares de pessoas morreram em consequência desta crise económica.

Preocupado com a situação do país, o Presidente Franklin Roosevelt cria o New Deal – uma série de programas implementados nos EUA entre 1933 e 1937 com o objectivo de recuperar a economia. Mesmo assim, em 1940, 15% da população activa continuava desempregada. Só com a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial é que a taxa de desemprego desceu. No final da mesma, esta atingiu os 1%. 

A produção industrial e a venda de armas aos ingleses foram outras das grandes fontes de receitas deste país.

Mas não foram só os EUA a sofrerem com a Grande Depressão. A crise económica dos norte-americanos teve repercussões noutros países, por via do impacto no comércio internacional. A pobreza e o desespero levaram a que partidos políticos extremistas emergissem e recebessem o apoio popular. É o caso do partido comunista no Reino Unido, do nazismo na Alemanha e do fascismo na Itália. 

joana.alves@sol.pt