A companhia, que é negociada em bolsa mas tem o governo brasileiro como principal accionista, tornou-se alvo de investigação da Polícia Federal durante uma operação conhecida como "Lava Jato", que desmantelou um esquema de branqueamento de dinheiro.
A investigação policial identificou, inicialmente, uma máfia especializada em envio ilegal de dinheiro para o exterior, e a partir dos executores das transacções, tem chegado aos seus clientes, muitas vezes pessoas envolvidas em tráfico internacional de drogas, contrabando, bem como agentes públicos envolvidos em desvio de verbas e fraude fiscal.
Nesse processo, o ex-director de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso por suspeita de receber subornos do "doleiro" Alberto Youssef, em troca de favorecer certas empresas na aprovação de contratos com a Petrobras.
Preso durante a operação, o ex-director da petrolífera entrou num acordo de colaboração com as autoridades e tem apontado outros envolvidos no esquema nos seus depoimentos à polícia.
Numa das suas declarações, o ex-director revelou a prática de sobrefacturação em alguns projectos e entrega de valores a partidos políticos, incluindo o Partido dos Trabalhadores (PT), no governo.
Em nota, a Petrobras informa que as duas empresas especializadas em investigação foram contratadas "com o objectivo de apurar a natureza, extensão e impacto das acções" que porventura tenham sido cometidas no contexto das alegações feitas pelo ex-director, bem como "apurar os factos e circunstâncias correlatos que tenham impacto material sobre os negócios da companhia".
Desde que a operação veio à tona, a Comissão de Valores Mobiliários brasileira (CVM) já abriu um processo para investigar a situação, assim como a SEC (entidade reguladora do sector mobiliários nos EUA), uma vez que a Petrobras também possui papéis negociados em bolsas norte-americanas.
No comunicado, a Petrobras destaca que as denúncias que estão a ser apuradas dizem respeito a desvios em desfavor da empresa, e que a companhia tem trabalhado com as "medidas jurídicas adequadas" para ressarcir os supostos recursos desviados.
As denúncias têm afectado o valor das acções da empresa, e após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, neste domingo, as suas acções abriram em queda, com uma desvalorização de cerca de 12 por cento no início da tarde.
Lusa/SOL