2.Cuidado na escolha dos titulares de cargos políticos passa por não cair no absurdo de confiar em fórmulas gastas e ultrapassados, no discurso do politicamente correcto que foi sendo construído por aqueles que, desde o 25 de Abril de 1974, foram ocupando reiteradamente cargos políticos, sem mostrar especial brilho, competência ou talento. Impõe-se que os nossos representantes e decisores políticos sejam cidadãos de elevada seriedade, competência, gabarito intelectual, independência e resistentes à subserviência ao politicamente correcto – e (sempre!) ser alguém em quem os portugueses confiem. Alguém em quem os portugueses acreditem – e que seja um factor de motivação para ultrapassarmos, com êxito, esta fase muito exigente da nossa existência colectiva.
3.Não poderemos, assim, voltar a confiar em políticos que já tiveram a oportunidade de servir Portugal – e falharam tragicamente. Pense-se, por exemplo, no cenário meramente académico, de alguém que se orgulha muito de ter no currículo o exercício das funções de Primeiro-Ministro durante 4 (turbulentos) meses, caindo por decisão do Presidente da República e do eleitorado português. Poderá este político – o mesmo do nosso cenário académico – merecer a confiança dos portugueses para ser o mais alto magistrado da nossa Nação? Julgamos ser evidente que não. Apesar de o político do nosso cenário académico ter chegado a Primeiro-Ministro durante 4 meses – tal não é uma mais-valia no currículo. É que mais vale não ser Primeiro-Ministro de todo – do que sê-lo e fazer uma triste figura, politicamente falando.
4.Tal mudança de exigência da nossa parte – cidadãos portugueses, preocupados com a causa pública – na escolha dos políticos, constitui um primeiro passo decisivo para construir uma “Nova Esperança” para Portugal. Já os políticos terão de revelar um sentido de Estado firme e sem oscilações: colocar sempre o interesse nacional à frente dos interesses pessoais é um pressuposto essencial para recuperar a confiança nas instituições nacionais.
5.Passos Coelho e Paulo Portas irão apresentar, a breve trecho, o acordo de coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS. Podem bem os comentadores de esquerda, a pseudo-elite socialista, alguém do PSD que tem devaneios de ser candidato a alguma coisa e, desesperadamente, vai criticando e “envenenando” o acordo de coligação do centro-direita português, tentar lançar a instabilidade no campo político não socialista: mas Passos Coelho e Paulo Portas não irão ceder. Não irão trocar o interesse de Portugal – que obriga a um entendimento entre os dois partidos – para se ajustarem às conveniências pessoais de alguns ou fazerem um frete aos socialistas. E nem se fale em Bloco de Central: um Governo de coligação PS/PSD, neste momento histórico, seria uma tragédia para Portugal.
O discípulo político de Marcelo Rebelo de Sousa na “Nova Esperança”. Adivinha quem foi?
6.Por falar em “Nova Esperança”, esta foi a designação de uma tendência do PSD, criada, e muito activa, nos anos 80 do século passado, liderada por Marcelo Rebelo de Sousa. Ora, o Professor Marcelo era seguido, entre outros (como José Miguel Júdice ou António Pinto Leite) por um jovem dinâmico, com garra política, que não se escudava em falsos sentimentos de ofendido, que gostava da luta e do debate político – o seu nome era Pedro Santana Lopes.
7.Sim, Pedro Santana Lopes é um discípulo de Marcelo Rebelo de Sousa – na Nova Esperança, Santana muito aprendeu e muito cresceu com os ensinamentos do Professor. Santana Lopes admirava muito o génio político de Marcelo – e, vários textos da época demonstram, Santana Lopes reconhecia Marcelo Rebelo de Sousa como o líder da tendência que integrou. Caso Santana não tivesse seguido Marcelo, nunca teria alcançado o estatuto político e mediático que viria a alcançar. Sabemos que, no seu íntimo, Santana Lopes está eternamente grato a Marcelo Rebelo de Sousa. Como discípulo devoto e convicto que foi.
8.Pena é que o Santana Lopes criativo, dinâmico, com garra, com vinte e tal anos – tornou-se no Santana Lopes agastado, que parece ter um problema com a democracia viva, confrontacional – e que se perturba muito com as críticas políticas que lhe são formuladas. O Santana da década de 80 jamais se perturbaria tanto com tão pouco. Nem mesmo no tempo em que Santana Lopes partilhou funções governamentais com Luís Marques Mendes, no Governo liderado por Cavaco Silva, Santana era tão irascível. Não se irritava com tão pouco. Era sensato e, de vez em quando, educado.
Três notas relevantes sobre uma irrelevância
P.S – Parece que Santana Lopes escreveu uma Carta à Direcção do SOL – mas, que materialmente, é um artigo de opinião em que me tenta atacar. Nunca refere, no entanto, o meu nome – opta por me tratar como “indivíduo”. Claro que esta atitude dignifica muito quem é um ex-Primeiro-Ministro. Revela muita educação e consideração. Quero agradecer penhoradamente a atenção que Santana Lopes me dedicou – especialmente o facto de, na sua vida muito ocupada, com muitos afazeres, ter dedicado tanto tempo da sua vida a responder ao meu texto de opinião. Obrigado! Como já expliquei no texto, afinal, identifico-me com o Santana Lopes da década de 80: as minhas escolhas políticas coincidem, em grande medida, com as suas. Santana foi seguidor militante de Marcelo – e colega de Governo de Marques Mendes.
Em segundo lugar, Santana Lopes diz que já tive um espaço de opinião de Expresso – do qual saí por razões que desconhece. Pois bem, o caso de Santana é diferente e mais problemático: Santana saiu da liderança do Governo de Portugal por decisão da maioria esmagadora dos portugueses. E todos sabemos muito bem porquê.
Em terceiro lugar, Santana Lopes já é reincidente neste tipo de filme: em 2008, no blogue, escrevi um texto sobre Santana Lopes – ora, Santana, poucos minutos depois, publica um comentário muito crítico sobre o autor e não sobre o texto. No Expresso, fui informado uma vez que Santana estava muito desagradado com texto que escrevi sobre ele. Agora, no SOL, o filme volta a repetir-se. E parece que o Governo liderado por Santana, ou como ele gosta de dizer “por aquele indivíduo”, caiu porque tentou fazer qualquer coisa na TVI – e montar uma central de informação ou algo do género. Exige-se, pois, que Santana tenha, pelo menos, algum pudor.
Termino, meu caro Santana Lopes, dizendo, sem qualquer reserva mental, que estarei consigo na dura batalha política para devolvermos uma “Nova Esperança” a Lisboa. Sabe que é o candidato ideal do PSD para substituir António Costa à frente dos destinos da capital de Portugal. Vamos a isso, Santana? Força!
Um abraço com muita estima e esperando vê-lo em grande forma a sentir Lisboa,
JLE
De segunda a sexta-feira João Lemos Esteves assina uma coluna de opinião no SOL