De acordo com o jornal espanhol online El Diário, Aznar assinou em 2010 um contrato para receber cerca de seis milhões de euros pelos seus contactos junto do então ditador líbio Muammar Kadhafi. O objectivo era garantir para a Abengoa, uma tecnológica de Sevilha, uma importante empreitada na Líbia.
Com o início da guerra civil e a morte de Kadhafi, a empresa acabou por não conseguir celebrar o negócio com o Governo líbio. No entanto, Aznar recebeu pelo menos 103.000 euros pedidos de antemão.
Não havendo à partida questões legais a levantar em torno deste contrato, o que se discute agora em Madrid é se os negócios de Aznar influenciaram directamente a sua tomada de posição pública contra uma intervenção militar ocidental contra a Líbia.
Era pública a amizade de Aznar com Kadhafi. Os dois políticos encontraram-se várias vezes, mesmo depois do conservador espanhol ter deixado o Governo em Madrid.
Para o antigo primeiro-ministro espanhol, Kadhafi era “um amigo extravagante [do Ocidente], mas ainda assim um amigo”, uma vez que Trípoli tinha abdicado voluntariamente do seu programa de armas de destruição massiva. A declaração foi feita já durante a guerra civil, numa conferência em Nova Iorque.
Kadhafi foi executado a 20 de Outubro de 2011 pelos rebeldes líbios que tomaram o poder. A revolta armada foi apoiada por países como França e o Reino Unido, que bombardearam as forças do regime.
pedro.guerreiro@sol.pt