Genética determina reacção do organismo ao ébola

Factores genéticos serão determinantes na reacção do organismo dos infectados com o vírus do ébola, alguns não têm qualquer sintoma, enquanto outros morrem, indica um norte-americano estudo realizado em ratos.

Genética determina reacção do organismo ao ébola

Estas reacções diferentes são observadas nos humanos, dado que a taxa de sobrevivência é de cerca de 30 por cento na epidemia actual, assinalam os investigadores cujos trabalhos são divulgados hoje na revista Science.

Enquanto alguns resistem completamente à infecção, outros têm sintomas que podem ser relativamente ligeiros ou graves, como hemorragias internas e falência dos órgãos levando à morte.

Estudos anteriores sobre populações afectadas pelo ébola já mostraram que as diferentes reacções não estão relacionadas com qualquer alteração particular do vírus, mas com o modo como o organismo reage contra a infecção.

Estes cientistas infectaram ratos com a mesma estirpe do vírus ébola responsável pela epidemia que já causou perto de 5.000 mortos desde o início do ano, a esmagadora maioria na Libéria, na Serra Leoa e na Guiné-Conacri.

"Os diferentes sintomas e reacções clínicas ao ébola no grupo de ratos são até agora semelhantes na sua variedade e proporção aos observados nesta epidemia", disse Michael Katze, do departamento de microbiologia da Universidade de Washington em Seattle (noroeste), um dos principais autores da investigação.

"Os nossos dados indicam que os factores genéticos desempenham um papel importante na evolução da infecção", adiantou.

O estudo mostra que todos os ratos infectados com ébola perderam peso nos primeiros dias e que 19 por cento dos animais não tiveram qualquer outro sintoma.

Um outro grupo, representando 11 por cento dos ratos, mostrou-se parcialmente resistente e menos de metade morreu. No total, a mortalidade ultrapassou os 50 por cento nos 70 por cento dos ratos que ficaram doentes.

Em geral, quando a infecção activa genes que promovem a inflamação dos vasos sanguíneos e a destruição das células, os sintomas são graves, constataram os virologistas.

Os ratos que sobreviveram tendiam a mostrar mais actividade nos genes responsáveis pela reparação dos vasos sanguíneos e pela produção das células brancas do sistema imunitário que combate a infecção.

Segundo os investigadores, os resultados deste estudo devem permitir encontrar marcadores genéticos da infecção nos humanos e avaliar a eficácia dos diferentes antivirais contra a estirpe do ébola responsável pela actual epidemia na África ocidental.

Lusa/SOL