Há menos famílias sobre-endividadas a pedirem apoio à Deco

O número de endividados que recorre ao apoio da Deco continuou este ano a diminuir, para cerca de oito por dia, menos três do em 2013, mas a associação de apoio aos consumidores apela a mais comportamentos de poupança.

Os dados do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS) da Deco indicam a entrada de 2.179 processos de sobre-endividamento este ano, até Setembro, uma média diária de 7,9 processos, abaixo dos 4.034 processos registados em 2013, e da média de 11 processos por dia.

Os processos que dão entrada no GAS referem-se a famílias endividadas junto da banca, e de outras instituições de crédito (como 'leasing'), e/ou junto de empresas de fornecimento de gás e água, mas excluem as dívidas de contribuintes ao Fisco ou as originadas em processos judiciais.

Dos 2.179 processos entrados nos primeiros nove meses deste ano, a maioria (34%) teve como causa a deterioração das condições laborais, como cortes salariais.

No ano passado, o desemprego destacava-se como a principal (35%) causa para os processos de sobre-endividamento do GAS, seguida pelas deterioração das condições laborais (34%), mas este ano a situação inverteu-se, pelo menos até Setembro, e o desemprego é agora a segunda maior causa, responsável por 31% dos processos, e, tal como em 2013, o divórcio/separação é a terceira (11%), seguido pela penhora (9%).

Os gastos mensais das famílias que solicitaram este ano apoio ao GAS eram, na maioria (65%), para despesas fixas, como alimentação, electricidade, água, gás e arrendamento, num valor médio de 481 euros.

As despesas com transportes eram o segundo (14%) maior encargo, da ordem dos 106 euros, seguindo-se os gastos com telecomunicações (6%, 45 euros), saúde (5%, 39 euros) ou educação (4%, 33 euros).

A "maior parte" dos pedidos de ajuda ao GAS não chegam a dar origem à abertura de processo e a entrar nas estatísticas, ressalva a Deco, explicando que são contatos tardios, muitas vezes de consumidores já com bens penhorados ou sem capacidade financeira para reequilibrar o orçamento familiar.

Na véspera do Dia Mundial da Poupança, e no cenário da crise actual, marcado por uma redução significativa do rendimento disponível das famílias, a coordenadora do GAS lança o desafio de saber se ainda é possível poupar: "Sim, é possível", afirma Natália Nunes.

O controlo das despesas no orçamento familiar tem de ser assumido, defende, aconselhando os consumidores a repensarem as opções de consumo: "Distinguir o que são desejos e necessidades, definir prioridades, identificar as despesas indispensáveis e aquelas que se podem reduzir", explica.

Lusa/SOL