Nem Maria Luís Albuquerque se atreve a equilibrar as contas

Maria Luís Albuquerque representa o lado mais “duro” deste governo, pugnando pelo rigor e pelo acerto de contas, lutando, com o apoio de Passos, contra a maior flexibilização proposta por Paulo Portas, já para não falar das exigências da oposição. Por isso, fiquei surpreendido com a sua noção de rigor orçamental, que podia ser mais…

Sábado, em Palmela, Albuquerque falou na necessidade de Portugal continuar a apresentar (já vamos ter este ano) saldos orçamentais primários positivos. Traduzindo: que, sem contar com os juros da dívida, as receitas sejam superiores às despesas. A razão para termos esses saldos primários positivos, disse Albuquerque, é a elevadíssima dívida pública portuguesa.

Só que, se a dívida pública é o problema (e todos reconhecerão que é), os saldos primários não são a melhor solução. A solução perfeita é muito simples: ter excedentes orçamentais, isto é, receitas maiores que despesas. Só essa situação permite, progressivamente, pagar a dívida, não só em percentagem do PIB, como também em valor absoluto.

Como curiosidade, fique a saber que o último excedente orçamental português data de ….  1973. Desde então, temos tido défices, cuja soma perfaz a quantidade monstruosa de dívida que temos de pagar.

Voltando a Albuquerque: eu acho que ela faz mal em não ser mais exigente, traçando como objectivo, simplesmente, o equilíbrio orçamental.

A maioria governamental tenta chamar a si o rigor das contas públicas. Seria mau perderem agora essa bandeira.

Compreendo, todavia, que a menos de um ano de eleições ninguém queira ser apelidado na praça pública de “fanático orçamental”.