Sábado, em Palmela, Albuquerque falou na necessidade de Portugal continuar a apresentar (já vamos ter este ano) saldos orçamentais primários positivos. Traduzindo: que, sem contar com os juros da dívida, as receitas sejam superiores às despesas. A razão para termos esses saldos primários positivos, disse Albuquerque, é a elevadíssima dívida pública portuguesa.
Só que, se a dívida pública é o problema (e todos reconhecerão que é), os saldos primários não são a melhor solução. A solução perfeita é muito simples: ter excedentes orçamentais, isto é, receitas maiores que despesas. Só essa situação permite, progressivamente, pagar a dívida, não só em percentagem do PIB, como também em valor absoluto.
Como curiosidade, fique a saber que o último excedente orçamental português data de …. 1973. Desde então, temos tido défices, cuja soma perfaz a quantidade monstruosa de dívida que temos de pagar.
Voltando a Albuquerque: eu acho que ela faz mal em não ser mais exigente, traçando como objectivo, simplesmente, o equilíbrio orçamental.
A maioria governamental tenta chamar a si o rigor das contas públicas. Seria mau perderem agora essa bandeira.
Compreendo, todavia, que a menos de um ano de eleições ninguém queira ser apelidado na praça pública de “fanático orçamental”.