As atenções públicas focaram-se quase inteiramente nos ' chumbos' e nas 'aprovações', o que é compreensível. De facto, a resiliência dos balanços dos bancos a choques económicos é crítica para a estabilidade da Zona Euro como a recente crise financeira revelou. Olhando para a frente, a realização periódica destes exercícios será também um importante alicerce de uma futura união bancária.
Mas não nos devemos esquecer que se trata apenas de simulações, e que estas são tão relevantes quanto sejam relevantes os choques simulados. Neste particular, a ausência de simulação da robustez dos bancos a um cenário deflacionista é uma lacuna importante. O sobreendividamento privado (famílias e empresas) de muitas economias – sobretudo na periferia da Zona Euro e, aqui, com destaque para Portugal – torna-as, bem como aos seus bancos, particularmente expostas a este risco, (cuja probabilidade de ocorrência, diga-se, aumentou com a queda do preço do petróleo).
Tem sido dedicada menos atenção ao exercício prévio de Avaliação da Qualidade dos Activos (AQR). Este teve por objectivo revelar investimentos arriscados, potencialmente sobreavaliados ou inadequadamente classificados e para os quais as provisões fossem insuficientes. Esta transparência das contas e a limpeza dos activos que induz é fundamental para prevenir o pesadelo japonês de 'bancos zombie' a suportarem 'empresas zombie', que durante mais de uma década dificultou o combate à deflação e emperrou o crescimento económico. Não adianta o BCE injectar liquidez agressivamente se a 'canalização estiver entupida' e esta não chegar onde é suposto.
O fortalecimento dos balanços com aumentos de capital e resolução de créditos maus é pois, mais do que uma garantia de estabilidade sistémica, uma condição necessária para que a política monetária possa ser efectiva.