Ao longo de três dias, entre 02 e 04 de fevereiro, escritores como António Torrado, Margarida Fonseca Santos, Carla Maia de Almeida, Isabel Minhós Martins e David Machado e os ilustradores André Letria, Danuta Wojciechowska e Catarina Sobral visitarão as escolas do concelho de Cascais e limítrofes.
Depois, entre os dias 05 e 07, o programa prossegue na sede da instituição, com seis mesas-redondas – que contarão igualmente com a participação do escritor angolano Ondjaki e da autora cabo-verdiana Carmelinda Gonçalves, bem como de elementos de uma comissão de honra ainda em formação, editores e bibliotecários -, sobre temas como “Da tradição oral à escrita de autor na África Lusófona”, “A literatura infanto-juvenil brasileira como lugar de cruzamento de culturas diversas” e “Edição, circulação, divulgação e mercado na literatura infanto-juvenil da lusofonia”, entre outros.
A intercalar estes debates, haverá histórias contadas pelo brasileiro Maurício Leite e pelos portugueses António Fontinha, Rudolfo Castro e Sónia Gameiro, bem como apresentação de livros, uma feira do livro e, no último dia, oficinas de narração, ilustração e escrita.
Em entrevista à Lusa, o coordenador-executivo do encontro, o poeta e autor de literatura infanto-juvenil José Fanha, explicou que a ideia é “lançar uma rede lusófona de ligação entre autores e editores, facilitando a comunicação destes com o público, por meio do desenvolvimento de uma plataforma web, que se pretende disponível para os cerca de 290 milhões de falantes lusófonos nativos e os cerca de 800 milhões de falantes totais no mundo”.
Para organizar o encontro, destinado a angariar fundos para que possa continuar o seu amplamente reconhecido trabalho de solidariedade social, a Fundação fez contactos com organizações, câmaras municipais e embaixadas dos países lusófonos, reuniu já alguns apoios (secretaria de Estado da Cultura, Sociedade Portuguesa de Autores e Fundação Portuguesa das Comunicações) e aguarda ainda respostas a propostas apresentadas a diversas empresas e outras entidades.
Mas, embora seja uma instituição de apoio social, nunca recorre ao voluntariado, tendo por princípio que quem trabalha deve ser pago por isso.
“Mesmo no caso deste encontro literário, os escritores e ilustradores que forem a escolas ou participarem em mesas-redondas ou orientarem oficinas de escrita e ilustração serão pagos pelo seu trabalho – poucochinho, mas serão”, frisou José Fanha, elogiando o trabalho do presidente da fundação, Emanuel Martins, que define como exemplo de “uma espécie de espírito de empreendedorismo social”.
Para ilustrar o que quer dizer, refere a criação, pela fundação, de um Hostel para Turismo Social, sobretudo destinado a estudantes universitários, a instalação de “uma enorme lavandaria que trata as roupas de vários hotéis ali em volta” e até a contratação de um ‘chef’ para confecionar as refeições servidas no refeitório, porque, defende o responsável, “lá por ser social, não tem de ser uma porcaria”.
Descrita como uma “Fábrica de Amor”, a Fundação O Século foi criada em 1998 para dar continuidade às atividades e ao espírito da Colónia Balnear Infantil criada em 1927, em São Pedro do Estoril, pelo proprietário e diretor do jornal O Século, João Pereira da Rosa, e alimentada pelos donativos dos leitores do jornal, com o objetivo de proporcionar férias na praia a crianças desfavorecidas.
Anos mais tarde, quando os donativos escassearam, João Pereira da Rosa viu-se perante a necessidade de arranjar uma nova forma de financiamento da Colónia, razão pela qual criou a Feira Popular de Lisboa, cujas receitas passaram a servir esse propósito.
Foi depois do encerramento da Feira Popular que foi criada a Fundação O Século, uma inovação que conduziu à ampliação da sua obra social: agora apoia diariamente mais de 600 pessoas, uma parte delas fora das suas instalações, entre crianças, famílias e idosos.
Lusa/SOL