2. Com efeito, Rui Rio puxou pelos galões da índole reformista do PSD, diferenciando-o do Partido Socialista. E as ideias centrais da proposta de acção política deste ilustre militante do PSD correspondem, no essencial, aos princípios ideológicos e de acção que têm sido preconizados pelo Governo de Pedro Passos Coelho. O que é positivo: Rui Rio pretendeu inequivocamente mostrar que é contra qualquer casamento de conveniência com António Costa – e, portanto, deixou a noiva Costa, publicamente, sozinha no altar. Por outro lado, não dá azo a que a oposição socialista agite o fantasma de uma (aparente) divisão interna do PSD para tentar desgastar o partido nas próximas legislativas.
Todos os militantes e simpatizantes do PSD, bem como todos os portugueses patriotas, que se preocupam com o futuro de Portugal, estão unidos para prosseguir um fim comum: evitar que António Costa e José Sócrates regressem ao poder do país que, por sua responsabilidade, se confrontou com uma situação de pré-bancarrota.
3. Surpreendido o leitor? Achava que Rui Rio não deixaria de aproveitar a oportunidade para atacar politicamente Passos Coelho? Não: o adversário de Passos, de Rui Rio e de todos os patriotas chama-se António Costa. O que disse Rui Rio?
4. Primeira ideia-âncora: temos, não só de mudar, mas de romper. Ora, o discurso de Passos Coelho tem sido o da mudança, o de não retorno aos interesses instalados de outrora, de alteração drástica de paradigma;
5. Segunda ideia-forte: contas públicas equilibradas. E o que entende Rio por equilíbrio orçamental? Não se pode gastar mais do que os recursos de que se dispõe. Se temos 100 para gastar, só podemos gastar 100. Nem tão pouco se poderá prometer às pessoas mais do que 100. Para Rui Rio, esse foi o problema do caso português: prometeu-se muito mais do que se poderia dar. Pois bem, toda a “narrativa” de Passos Coelho foi construída na lógica de garantir o equilíbrio orçamental, de contas públicas equilibradas como pressuposto de crescimento económico. No fundo, Rui Rio reabilita a doutrina Vítor Gaspar;
6. Terceira ideia forte: é impensável , em democracia, um Tribunal poder invalidar decisões dos órgãos políticos, no exercício estrito da sua discricionariedade política. É preciso dizer claramente que os juízes estão impedidos de entrar na esfera política. Não só o Tribunal Constitucional, que se arroga na posição de pseudo-justiceiro do regime, como também os tribunais administrativos, que através da aplicação de medidas cautelares, evitam a concretização de políticas públicas. Pois bem, Pedro Passos Coelho tem sido particularmente afectado por tribunais sem controlo, que actuam em clara violação do princípio da separação de poderes, não se coibindo de criticar as decisões jurisprudenciais quase sempre com sensibilidade e bom senso. Curioso é que os que então se pronunciaram sobre a reacção de Passos Coelho às decisões do Tribunal Constitucional pecassem pela “falta de sentido de Estado e de apego pelo primado do Direito”. Felizmente, não foi, nem é, o caso de Rui Rio. Está com Pedro Passos Coelho: o que só mostra a sua fibra política e que está acima de qualquer interesse, que não seja o estrito interesse nacional.
7. Em suma, uma boa intervenção de Rui Rio – mostrando o seu apoio ao PSD, a Pedro Passos Coelho até 2016. Queremos a vitória do PSD a bem de Portugal: não há, pois, movimentos oposicionistas ou que pretendam a mudança de liderança. 2016 é o ano de Pedro Passos Coelho. No caso improvável de derrota do PSD, logo se verá – aí, Rui Rio teria todas as condições para se assumir como um candidato forte para a liderança do maior e melhor partido político de Portugal.