A aventura iniciada em 2004 com a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia (ESA) – o percurso completo pode ser visto aqui – não é a única. Outras sondas perseguiram cometas, embora não tivessem a ambição deste veículo da ESA. Nunca nenhuma delas poisou directamente num cometa. Nem era essa a intenção, na verdade. Aqui se conta uma saga espacial que começou em 1978:
International Cometary Explorer (ICE)
Foi a primeira a conseguir um encontro imediato com um cometa. Lançada pela NASA a 12 de Agosto de 1978, a ICE concluiu a sua missão e foi redireccionada para passar junto à cauda do cometa Giacobini-Zinner a 11 de Setembro de 1985 e ainda fez uma visitinha ao cometa Halley a 28 de Março do ano seguinte. A NASA encerrou o contacto com a sonda em 1997, mas, este ano, um grupo voltou a reanimar o ‘diálogo’ com a ICE, com sucesso.
Vega-1 e Vega-2
As duas sondas soviéticas foram lançadas a 15 e a 21 de Dezembro de 1984, respectivamente, em perseguição ao cometa Halley. Pelo caminho, deixaram um veículo cada uma na superfície de Vénus – um feito inédito – e fizeram a sua maior aproximação ao cometa a 6 de Março de 1986, a uma distância de ‘apenas’ 8890 km. A sonda Vega-2 logrou chegar um pouco mais perto três dias depois.
Sakigake e Suisei
O Japão não quis perder o pé e lançou duas sondas gémeas a 7 de Janeiro e a 18 de Agosto de 1985. O alvo, mais uma vez, era o cometa Halley. Em Março de 1986, a Suisei chegou-se a 151 mil km do Halley, enquanto a Sakigake ‘ficou-se’ por uma distância de sete milhões de km.
Giotto
Esta missão é histórica para os europeus – foi a primeira feita pela ESA ao espaço profundo. Lançada a 2 de Julho de 1985, a Giotto conseguiu as fotos mais próximas de um cometa até à altura, sobrevoando o Halley – um hit espacial – a uma distância de menos de 600 km do seu núcleo, a 13 de Março de 1986. As imagens revelavam a surpresa: havia actividade no cometa, eram visíveis jactos de gás e de poeira para o espaço.
Mas a missão não ficava por aqui: a 10 de Julho de 1992 a Giotto passou a 200 km do cometa Grigg-Skjellerup e passou à ‘hibernação’ a 23 de Julho. Mas continua a orbitar o Sol.
Deep Space 1
Vinte anos depois, os norte-americanos voltavam à caça do cometa. A Deep Space 1 faz parte do programa New Millenium da NASA e foi lançada a 24 de Outubro de 1998 e, a 29 de Julho do ano seguinte, chegou a meros 26 km do asteróide 9969 Braille. A sonda estava testar dezenas de novas tecnologias e a 22 de Setembro de 2001 aproximou-se do cometa Borrelly, enviando diversas imagens para a Terra. Acabou por ‘reformar-se’ a 18 de Dezembro desse ano.
Stardust
Ainda a Deep Space 1 andava pelo espaço, a NASA lançou, em Fevereiro de 1999, a Stardust, que viajou pela nuvem de gelo e poeira que envolve o núcleo do cometa Wild 2, com a aproximação maior feita a 240 km em 2 de Janeiro de 2004. Conseguiu recolher partículas dessas poeiras e enviá-las para a Terra em 2006. E ainda teve tempo para uma visita ao cometa Tempel 1 em 2011.
Contour
A 3 de Julho de 2002, a NASA lançou esta missão com o objectivo de compreender melhor o núcleo dos planetas. Mas a sonda permaneceu na órbita da Terra até mais de um mês depois, e quando começou as manobras para se dirigir ao seu destino, perdeu o contacto.
Deep Impact
Lançada a 12 de Janeiro de 2005, a NASA fez esta sonda e deu-lhe um nome para levar à letra: a Deep Impact consistia em dois aparelhos, um de sobrevoo, destinado a recolher imagens e dados e outro de impacto. O segundo deveria abrir uma brecha no cometa, e os ‘estilhaços’ resultantes desse impacto serviram de análise ao primeiro. A missão foi estendida aos cometas Hartley 2 e ISON, mas a NASA perdeu contacto com as sondas em Agosto do ano passado.