Polémica dos vistos pode travar relação de investimento entre Portugal e China

A investigação à atribuição de vistos dourados, que levou à detenção de 11 pessoas, entre as quais alta figuras da administração pública e três cidadãos chineses, poderá ter impacto nas relações entre Portugal e China e na captação de investimento.

Essa é, pelo menos, a convicção de um dos vice-presidentes da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC), Ilídio Serodio.

“Julgo que haverá um travão a curto prazo dos dois lados, tendo o nosso Governo que rever os procedimentos para estes serem mais transparentes”, afirma, em declarações ao SOL, lembrando que “a área imobiliária em todo o mundo se presta a 'overpricing' [sobreavaliação de preços] e comissões elevadas”.

Em reacção ao processo em curso, Ilidio Serodio alerta que “é um tema muito quente, mas, de certa maneira previsível em termos de exploração da oportunidade oferecida pelos vistos gold, pela multitude de intermediários”.

“Os compradores, a entrarem nestes investimentos, arriscam desta maneira a comprar caro. O envolvimento, alegado pela imprensa, é que surpreende negativamente”, reitera.

Mas também aponta a importância deste sistema para escoar o stock  de propriedades existentes em Portugal, animar o sector da construção e até a contribuir para a banca reduzir imparidades no imobiliário. Por isso, considera que o seu lançamento foi oportuno por parte do Governo, até porque muitos países já têm este tipo de programa para atrair investidores privados.

“Se há alegados crimes, ainda bem que a justiça portuguesa está a agir, para que os negócios e as emissões de vistos se façam com a devida transparência”, resume.

ana.serafim@sol.pt