Certo é que a convergência das esquerdas, da qual se auto-excluiu o BE, irá pairar sobre o Complexo Desportivo do Casal Vistoso, palco da primeira Convenção dos bloquistas em que a UDP, uma das correntes fundadoras, apresenta uma moção 'própria'.
Pedro Filipe Soares, líder da bancada parlamentar do BE, desafia Catarina Martins e João Semedo, candidatos à reeleição, num conclave em que o partido surge dividido.
O primeiro teste acaba hoje, domingo, com a votação nas distritais para escolher os cerca de 600 delegados à Convenção. A expectativa, apurou o SOL, é de que a moção dos actuais coordenadores venha a eleger mais delegados. Em Lisboa, que elege cerca de 60, a direcção pode somar a maioria dos votos. João Semedo, consciente disso, alterou o seu ciclo eleitoral de Gondomar para Lisboa no espaço de um mês, já que as contas nas distritais a Norte não abonam a favor da dupla.
Silêncio para evitar 'cacofonia'
Nas últimas semanas, os promotores das cinco moções que serão sufragadas na IX Convenção andaram pelo país a debater propostas e o futuro do partido. Fonte ligada à moção de Pedro Filipe Soares ('Bloco Plural, Factor de Viragem') lamenta que os debates tenham sido minados por “animosidades pessoais” e critica a divulgação por parte de dirigentes da candidatura adversária de “emails trocados entre dirigentes”. Catarina Martins, da moção 'Revolta Cidadã para Vencer a Austeridade', rejeita que o diálogo tenha sido “crispado” e garante que “existe coesão no projecto do BE”.
Os próximos dias serão agora de preparação da Convenção nos bastidores. Soares irá remeter-se ao silêncio para evitar a “cacofonia” e não deverá comentar o resultado das eleições dos delegados, apurou o SOL.
“Ainda não se percebeu bem para onde vão os militantes. A direcção tem a máquina do partido e isso pode facilitar”, frisa um dirigente bloquista.
*Com Manuel A. Magalhães