Enquanto bebe mais um gin 'floreado', fala-me desse fantástico mundo que é o das aparências. “Estás a ver aquele ali muito agarradinho à namorada? É só para a fotografia, pois em privado quase não se falam e pouco ou nada têm em comum. Adora ligar-me quando está triste e só diz disparates sobre a namorada”.
Sem freio na língua, continua. “E aquele que se acha a última coca-cola do deserto? É um tonto que não consegue articular três palavras seguidas sem ter bebido 10 cervejas”. Como nas costas dos outros vemos as nossas, e já a pensar no que dirá de mim, pico-a. “Então e o teu namorado convive bem com a tua exuberância depois de começares a lançar os foguetes e apanhares as canas?”.
Ri-se desalmadamente e explica-me que sempre foi assim e que não vai mudar por andar com ele. “Isso é um problema que não é meu. Não tenho de esconder que sou alegre e que gosto de me divertir, sem ultrapassar os limites da decência, como é óbvio”. Contraponho que já a vi a varrer o chão, ao que dispara. “É possível que sim, mas isso também faz parte da noite. Por vezes, é natural que não te apercebas que bebeste demais, mas só te resta apanhar um táxi e ir embora para casa. Desde que vá sozinha ou com o meu namorado, qual é o problema?”. “Sabes, o problema à noite é que as pessoas gostam muito de falar dos outros e imaginam coisas que nada têm que ver com a realidade. Sei que tenho fama disto e daquilo, mas não passa disso”, acrescenta.
Como o 'papo' estava a ficar sério demais fomos dançar, altura em que os tubarões se aproximaram discretamente e ela desatou a rir. “Para quê ligar àqueles que ficam todos felizes por terem nascido quando se acham o máximo?”, segredou-me. Foi, de facto, uma noite diferente…
