Pedro Filipe Soares foi o primeiro a falar. Apostou num discurso com críticas para fora do partido, à maioria de direita, ao PS e desafiou os que consideram que o BE não faz a diferença a olhar para a luta dos bloquistas contra a proposta do PS e do PSD (entretanto retirada) da subvenção vitalícia aos ex-deputados.
Soares exaltou a capacidade de sobrevivência do BE. "Não temos medo de existir e não temos medo do que nos querem apontar", assegurou. E para os que olham para o partido "com alguma condescendência e dizem que temos os dias contados" atestou: "não nos conhecem, não sabem quem somos".
O candidato à liderança do BE apostou no registo 'nós contra eles'. Referiu-se ao Livre e à Manifesto como "uma parte da esquerda que já nasce derrotada, que vai optar pelo mal menor", numa referência à plataforma cidadã de Rui Tavares, Ana Drago e Daniel Oliveira e à possível aliança com o PS. "Eles já não prometem que o futuro vai ser melhor". "O BE de esquerda está aqui hoje para discutir se como se apresenta à sociedade: se está aqui para se juntar aos perdedores", acrescentou.
O líder parlamentar dos bloquistas alertou ainda que para a existência de uma "maioria social que se for transformada em maioria política fará toda a diferença", acusando os os partidos do arco da governação de usarem a "arma do medo". E reiterou: "não nascemos para estar no bolso de quem vai fazer mal às pessoas", no que foi lido como a subscrição das palavras de João Semedo, esta manhã, quando garantiu que "o BE não será o CDS de António Costa".
Catarina Martins foi a segunda a falar e a defender a sua liderança. Num discurso muito aplaudido, a coordenadora candidata à reeleição sublinhou que o conclave dos bloquistas é feito de "escolhas, escolhas determinantes" e reconheceu quebrantou força social nos últimos dois anos que foram cometidos alguns erros, como ter colocado o centro da luta no BE na demissão do Governo e não na mobilização social. Reconheceu, porém, que todas as moções estão "contra a austeridade" para acenar com a necessidade de unir forças para a construção de um polo alternativo de esquerda.
Numa critica que segue para Soares, a líder do BR sublinhou que "uma proposta defensiva não serve o nosso trabalho porque precisamos de uma proposta ofensiva, para reconstruir as políticas destruídas", alertando que a moção de Soares quer colocar o centro da luta do BE apenas na defesa da Constituição. Segundo Martins, este posicionamento tornaria incompreensível o papel BE, porque com esta Constituição "já se privatizou tanto e se destruiu tantos direitos naturais". A luta defende, deve ser a construção de um polo alternativo de esquerda e a mobilização social.
Martins frisou ainda que "construir muros à nossa volta é definhar" e deixou mais um aviso para Pedro Filipe Soares e para os subscritores da sua moção: "seria irresponsabilidade se usassem os erros (do partido cometidos nos últimos dois anos) como arma de arremesso para dividir do partido".