"Basta a Rússia pôr-se de pé, fortalecer-se e declarar o seu direito a defender os seus interesses no exterior e imediatamente muda a atitude face ao Estado e aos seus dirigentes", defendeu Putin.
Em relação a isto, recordou o ex-primeiro-ministro Boris Yeltsin: "Numa primeira fase todos reagiam bem. Tudo o que Yeltsin fazia era recebido com aplausos pelo Ocidente, mas bastou que levantasse a voz em defesa da Jugoslávia para logo se tornar um alcoólico aos olhos dos ocidentais".
Segundo Putin, a dependência de álcool de Yeltsin nunca foi secreta e não era um obstáculo nos seus contactos internacionais até ao momento em que defendeu os interesses da Rússia nos Balcãs e se converteu num inimigo do Ocidente.
O presidente russo acusou os países ocidentais de terem duplos critérios nas suas políticas em relação a Moscovo e recordou que quando o exército russo combatia os extremistas islâmicos no Cáucaso, a Rússia foi acusada de "uso desproporcionado de força" contra "lutadores pela democracia".
Lembrou, a propósito, o que se está a passar na Ucrânia, onde, acusou, o Exército ucraniano tem usado aviação, tanques, artilharia pesada e bombas de fragmentação, mas "ninguém fala sobre o uso desproporcionado da força".
Ao mesmo tempo, recusou que as tensões com os países ocidentais levem as autoridades russas a isolar-se do resto do mundo com uma nova cortina de ferro, lembrando que houve períodos na história em que países optaram por se isolar do mundo e depois "pagaram muito caro por isso".
"Por nenhum motivo optaremos por essa via. E ninguém construirá um muro à nossa volta. É impossível", disse o chefe de Estado russo.
Nas perguntas feitas pela Tass, Putin esclareceu também que os seus planos para o futuro não passam por uma "presidência vitalícia", apesar de não descartar apresentar-se em 2018 a uma reeleição por mais seis anos.
Putin lembrou que essa é uma possibilidade definida pela Constituição, o que não significa que venha a tomar essa decisão, deixando a garantia de que irá actuar "consoante o contexto geral, de como o veja" e de como se sentir na altura.
O governante discordou que a sociedade russa esteja actualmente disposta a uma restauração da monarquia e garantiu que a monarquia é uma "página passada da história do país".
Lusa/SOL