Esta semana, antes de viajar para Paris, José Sócrates almoçou, na terça-feira, com Fernando Pinto Monteiro, o antigo procurador-geral da República. O encontro decorreu no restaurante Aviz, no Hotel Aviz, em Lisboa, que Sócrates costumava frequentar nos últimos tempos. O SOL sabe que os dois almoçaram numa zona mais reservada do restaurante, sem ninguém a ocupar as mesas mais próximas. O antigo primeiro-ministro chegou, de fato e gravata, quando passavam poucos minutos das 13 horas, e dez minutos depois apareceu Pinto Monteiro, tendo os dois ficado a conversar durante bastante tempo.
Confrontado pelo SOL com o motivo do almoço com Sócrates, Pinto Monteiro recusou esclarecer, alegando que é «magistrado há 47 anos» e que sempre optou por não falar de «certos assuntos». «Não tenho nada a dizer sobre isso. Não falo desse assunto. Nunca na minha vida discuti decisões judiciais, nem situações pessoais», disse ao SOL.
Sócrates viajou entretanto para Paris, onde possui uma casa no bairro 16.º, o mais luxuoso e caro de Paris, nomeadamente no quarteirão de Passy. O apartamento – com 250 metros quadrados e vista para a Torre Eiffel, à beira do rio Sena – terá custado 2,8 milhões de euros, estando agora a ser vendido por quatro milhões. Foi nesta casa de luxo que viveu nos primeiros dois anos em que esteve em Paris, tendo entretanto mudado para outra, na mesma zona, para se resguardar.
Sócrates recusou jantar disponibilizado pela polícia
O socialista costumava ir frequentemente à capital francesa, para onde foi viver e estudar Filosofia depois de sair do Governo, em 2011.
Esta sua última viagem a Paris tinha regresso previsto para quinta-feira, mas, segundo vários órgãos de comunicação social, já com o check in feito, Sócrates decidiu à última hora adiá-lo.
Na sexta, quando aterrou às 22h45 no aeroporto da Portela, tinha à sua espera agentes de investigação criminal da PSP, que coadjuvaram a operação.
Depois de ir ao Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) foi conduzido para um calabouço na sede do Comando Metropolitano da PSP, em Lisboa. Aqui, apurou o SOL, passou o resto da noite sozinho e recusou o jantar que os agentes lhe disponibilizaram. A PSP colaborou nestas diligências a pedido do DCIAP – o que de resto já aconteceu dezenas de vezes no âmbito de outro processos, sempre que estão em causa diligências mais complexas do ponto de vista logístico.
catarina.guerreiro@sol.pt, joana.f.costa@sol.pt e sonia.graca@sol.pt
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