Em jargão de economista, interessa saber se estamos a acumular stock de capital humano em quantidade e qualidade que, pela sua complementaridade com o capital físico, possa atrair investimentos para o país. A prova de que se isto é assim ou não, reside menos nos números agregados de graduados e suas áreas e mais nos factos duros do investimento efectivamente realizado em Portugal.
Dois professores da Nova SBE apresentaram na passada semana um estudo sobre o Investimento Directo Estrangeiro Francês em Portugal (José Mata e Luís Lages, 'Produzir em Portugal: O caso das empresas francesas', de onde, com a devida vénia, copiámos o título desta crónica). Uma constatação muito interessante foi verificar que a actividade predominante das empresas francesas era a prestação de serviços ao grupo-mãe.
Estes serviços podem ser muito variados e abrangem frequentemente áreas sofisticadas como, por exemplo, desenvolvimento de software, monotorização de grandes sistemas informáticos ou serviços contabilidade e gestão. E essa empresas escolheram localizaram aqui estas actividades (e, em muitos casos, expandi-las), atraídas sobretudos pela qualificação dos recursos humanos. Qualificação técnica, mas também o domínio de línguas estrangeiras, a flexibilidade e adaptabilidade dos trabalhadores e o seu grau de autonomia. Ou seja, uma combinação moderna e adequada de hard e soft skills.
Afinal, o algodão não engana.