A minha falta de reacção a esse momento abjecto e repulsivo provocou-me um nó na garganta que me acompanha desde então. Não conseguia eu perceber nem desculpar o que teria levado esse sujeito (mesmo que ébrio) a tomar tal comportamento, muito menos depois de uma noite supostamente alegre e animada.
Na minha opinião, se há altura em que a décalage entre quem tem mais e quem menos tem diminui, é precisamente na noite. Hoje em dia é mais fácil andar na moda com roupas baratas e não é tão perceptível quem tomou a decisão de comprar porque gostou ou simplesmente porque não tem possibilidades para mais.
Mais do que o dinheiro, quando saímos damos valor à atitude, à forma de estar e aos comportamentos de cada um. É isso que nos fascina no momento de diversão e não a superficialidade de quem tem mais no bolso. Faz parte da magia que nos torna mais iguais e nos permite nesse tipo de situações conhecer pessoas que nos seriam supostamente inacessíveis e criar relações que noutro âmbito ou noutras condições não seriam permitidas.
Ainda há porém situações destas que vão acontecendo um pouco por toda a parte e que nos enchem de vergonha, mas que precisam de ser desmascaradas – precisamente o que eu não fiz quando ela me apareceu. Ajudar quem mais precisa ou quem num determinado momento passa por maiores dificuldades não se cinge a emprestar dinheiro ou dar algum bem de maior escassez.
Às vezes o bem mais precioso que podemos oferecer a alguém é bem mais valioso que isso. Chama-se respeito e esse pode mudar o dia de uma pessoa e ajudá-la a dar a volta com outra determinação, a olhar o mundo de outra forma. É que às vezes parece que ser pobre é defeito…
Sugestões:
Club: Control (Leeds, Inglaterra)