Mobiliário ganha nova vida

A Câmara Municipal de Paredes e 38 empresas de mobiliário uniram-se em torno de um conceito inovador: uma nova marca internacional conjunta para competir no mercado de valor acrescentado e de luxo, dominado por Itália. A imagem da I DO será apresentada brevemente e a primeira colecção será mostrada em Janeiro, no salão Maison &…

“Esta marca é uma organização comercial. Terá produtos, catálogos, vendedores e representantes comerciais. Vamos encomendar design e depois a marca vai encomendar mobiliário às 38 empresas. Será mais um cliente, mas em que elas terão uma palavra a dizer”, explica ao SOL o presidente da autarquia, Celso Ferreira.
O social-democrata frisa que o trabalho de reconversão de um sector que olhava fundamentalmente para o mercado ibérico começou em 1999 e que, em quatro ou cinco anos pode ser atingida “a excelência que atingiu o calçado”.

As verbas para o arranque deste projecto surgem do bolo destinado à segunda edição do Art on Chairs – uma espécie de Portugal Fashion dos móveis -, cujo início está agendado para o final de Janeiro, com exposições em Lisboa e Paredes. São 2,2 milhões de euros – 85% de fundos do QREN e o restante dos cofres da Câmara. “Não há retorno imediato, mas o objectivo é que depois esta marca ande sozinha, em função do seu cash-flow”, adianta Celso Ferreira. O autarca frisa que não podia fechar os olhos aos efeitos da crise, que encerrou fábricas e aumentou o desemprego. Em 2007 havia mais de 1.200 fábricas de mobiliário no município e agora são apenas 800. Ainda assim têm um peso significativo: representam 400 milhões de euros anuais em vendas (cerca de 75 % para exportação).

O problema é que a escala destas fábricas – a maior tem 240 trabalhadores e a média ronda os 30 – não é suficiente para assegurar a “dimensão crítica” necessária. 

A I DO poderá ser uma “marca global”, tirando partido do prestígio adquirido pela primeira edição do Art on Chairs, que foi considerada em 2014 a melhor iniciativa co-financiada da União Europeia.
Numa espécie de preâmbulo da I DO, foram apresentadas 96 peças na Beijing Design Week, que terminou a 3 de Outubro. Os mercados asiáticos serão uma das prioridades. “Vamos explorar as classes A e B. Pela dimensão e qualidade da mão-de-obra e pelo conhecimento quase milenar, temos condições para competir com a indústria italiana”, prevê Celso Ferreira.