Os números falam por si: o investimento caiu 430 mM de euros na UE, em comparação com 2007. França, Espanha, Reino Unido, Itália e Grécia contam com 75% dessa queda. “O ponto de partida é que a UE tem um défice de investimento enorme. A Europa devia investir 300 mil milhões por ano só para construir as infra-estruturas que precisa em matéria de transportes, energia e banda larga”, comenta ao SOL a deputada socialista Maria João Rodrigues.
O vice-presidente Jyrki Katainen reconheceu que o plano não é nenhuma “solução milagrosa”, mas crê que o injectar desta quantia irá trazer um clima de confiança aos investidores. O deputado do PSD José Manuel Fernandes acredita nos efeitos positivos do plano: “Como não há dinheiro a fundo perdido, nenhum privado que veja entraves ou burocracia vai avançar, ou seja, vai obrigar a um ambiente propício”. Já Maria João Rodrigues partilha “a reserva dos especialistas” no efeito multiplicador do projecto, porque “o BEI só financia projectos de baixo risco e há projectos que são viáveis mas mais arriscados. É por isso que este instrumento está incompleto: tem de ser reforçado com capital dos Estados-membros que permita financiar projectos com multiplicador mais baixo”.
A deputada disse ainda que o grupo dos socialistas pediu para que o contributo dos Estados não concorra para agravar o equilíbrio das contas e que os países mais afectados pela austeridade sejam alvo de maior investimento.
Se o plano foi genericamente bem-vindo pelos grupos mais representativos, enquanto sinalizador de uma mudança de rumo, as franjas do hemiciclo não pouparam o “abracadabra”, “o jogo de monopólio”, ou, usando a ideia do regador, uma “inundação governamental que afoga o investimento privado”.
Os comentadores também não perderam tempo a mostrar o cepticismo em relação aos números, usando termos como “quimera” ou “passe de mágica” para adjectivar o plano. Como o L’Expansion nota, mesmo que se atinja o valor dos 315 mM de euros de investimento, isso traduz-se em 2% do PIB da UE. Para combater a crise financeira de 2008, Obama injectou na economia norte-americana o equivalente a 5% do PIB.
Após a apresentação do plano de investimento aos deputados, este será tema do próximo Conselho Europeu, a 18 e 19 de Dezembro, para depois, já em 2015, ser debatido e aprovado pelo Parlamento.
* em Bruxelas