Uma empresa com obrigações de serviço público e restrições orçamentais deve fazer propostas para projectos em que há privados interessados?
O projecto é tão bom que a TVI concorreu porque o queria muito. E se é tão bom, por que não pode ser visto na RTP? Por que é que a estação não pode ter um projecto que se auto-sustenta, que se financia a si próprio? Não utiliza um cêntimo da Contribuição Audiovisual.
Como encara a reacção à aquisição dos direitos de transmissão da Champions? O ministro Marques Guedes disse que dinheiros públicos “não deveriam ser aplicados na compra de direitos de transmissão de jogos de futebol”.
O accionista define as grandes linhas do contrato de concessão, bem como o modelo financiamento. Definidos estes e cumpridos os critérios de boa gestão dos dinheiros públicos, cabe ao Conselho de Administração, por sugestão das direcções editoriais, proporcionar aos portugueses o melhor que a televisão pode dar. Sobretudo se considerarmos que este projecto é dos poucos que, a ganharmos, é auto-sustentável, isto é, não utiliza um cêntimo da Contribuição Audiovisual. É , por outras palavras , auto-suficiente.
E quanto vai custar, afinal?
Por questões de confidencialidade não podemos mencionar valores. Mas o número é significativamente abaixo dos que têm sido avançados, algo espúrios. E a RTP irá transmitir pela primeira vez em HD e ficou com os direitos para radiodifusão, portanto há uma geração de valor suplementar.
O orçamento para 2015 foi reforçado devido a este investimento?
Curiosamente, no que respeita à grelha da RTP1, foi reduzido em cerca de 15%. Com a preocupação de controlo de custos ultrapassada, decidimo-nos pelo apelo dos telespectadores. Temos estudos que o comprovam: mais de 91% dos telespectadores querem futebol na RTP, especificamente da Selecção e dos clubes portugueses.
Por que fez esta proposta?
A RTP sempre teve os direitos da Champions, salvo entre 2011 e 2014. Os nossos responsáveis editoriais apresentaram a proposta, pois o futebol constitui uma prioridade os telespectadores da RTP e é financeiramente sustentável. Não penso , com estes factos por base , que seja de pôr em causa a oportunidade. A Grécia, a Suíça, a Áustria, a Alemanha, a Irlanda e a Espanha são exemplos de países em que as estações públicas concorreram, entre muitos outros . Um pouco por toda a Europa a Champions é considerada uma ‘jóia’ mandatória do Serviço Público de Media.