Neste caso, a tal lâmpada que se acende em cima da cabeça das personagens – era assim que seria se estivéssemos a contar esta história em banda desenhada – surgiu da imaginação de três professores que formam uma “dream team”. Pelo menos, é assim que são conhecidos pelos alunos da Escola Profissional de Rio Maior.
Mas ninguém melhor para apresentar o projecto do que um dos membros do grupo de alunos que depois lançou mãos à obra: “Quando ligamos a água quente, ela demora a aquecer. Essa água vai ser desperdiçada”, enuncia João Rodrigues, que desenvolveu o projecto com Eusébio Almeida, João Silva e Rodrigo Feitor. Mas isso não responde ao problema. Essa água, em vez de ser deitada fora, é acondicionada num depósito e, continua João, “só sai quando chega a uma temperatura predefinida”.
A este dispositivo o grupo chamou Intelligent Flow (algo como ‘fluxo inteligente’) e consiste de um aparelho constituído pelo tal depósito e por um sensor, regulando a temperatura da água em excesso e exibindo-a num ecrã digital. A tecnologia permite uma fácil substituição das torneiras ‘normais’ e foi concebida para ser vendida nas lojas da especialidade.
O trabalho incluiu também um plano de negócio. O preço foi, como é evidente, um factor a ter em conta: “Pelo estudo que fizemos, a torneira pode custar 120 euros, o que é mais barato do que as actuais torneiras termo-estáticas”. E há a vantagem de a tecnologia ser nacional, pois claro. Além disso, há a possibilidade de a equipa desenvolver uma inevitável app para um telemóvel Android, uma espécie de simulador do dinheiro que poupamos a cada utilização e em jeito de balanço de poupança regular. Cristóvão Oliveira, um dos professores da tal ‘dream team’ que acompanhou este projecto, adianta outra ideia, mais lúdica: “Podemos entrar em concursos de poupança dentro de casa”. Ou seja, ganha o utilizador, entre pais e filhos, que poupar mais…
A ideia é obviamente sumarenta. Daí os prémios que conquistou em concursos variados – na VIII Mostra Nacional de Ciência (este ano) obteve o 4.º lugar e apesar de estar arredada do pódio, a torneira inteligente saiu da Mostra com 800 euros e a representação garantida numa feira tecnológica em Pittsburgh (EUA) em Maio do próximo ano. Mas há mais: na EmpreEscola foi considerada a ideia mais inovadora, arrecadando 750 euros em material informático e venceu a Ciência na Escola, promovida pela Fundação Ilídio Pinho. O saldo cresceu mais 20 mil euros com este primeiro prémio.
Entre trabalhos na Escola Profissional – João ajudou outros grupos com projectos premiados, que aqui retrataremos noutras edições –, a frequência de Electrónica (11.º ano), o futebol e saídas à noite, João não tem dúvidas quanto ao tempo disponível para a vida: “Os nossos dias têm 48 horas e mesmo assim só usamos 52”, brinca.