Num relatório a que a agência Lusa teve hoje acesso, "o Conselho toma nota do aumento da proporção de empregados que recebem o salário mínimo, que passou de 5,5% em Abril de 2007, para 12% em Outubro de 2013 e, apesar de elogiar a decisão do Estado de aumentar o salário mínimo de 485 para 505 euros em Outubro, depois de ter sido congelado desde 2011, continua preocupado continue a não ser suficiente para dar aos trabalhadores e às suas famílias uma vida decente".
Por isso, os peritos recomendam a Portugal "que garanta que o salário mínimo assegure aos trabalhadores e famílias uma vida decente e que seja periodicamente revisto e ajustado em linha com o custo de vida".
Este relatório é a quarta avaliação da transposição dos princípios do Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais, que Portugal assinou em 1978, para a legislação portuguesa, e resulta de um conjunto de reuniões entre a delegação portuguesa e o comité das Nações Unidas responsável de avaliar o cumprimento dos princípios do tratado pela parte portuguesa.
Outra das recomendações na parte que analisa os direitos laborais, no âmbito do princípio do direito ao emprego, prende-se com o conjunto de prestações sociais destinadas a garantir uma subsistência mínima aos mais desfavorecidos: "O Conselho está preocupado que os benefícios usados no 'Indexante de Apoios Sociais', congelado nos últimos anos como parte das medidas de austeridade, bem como o montante mínimo do subsídio de doença, não sejam suficientes para dar aos beneficiários e às suas famílias um nível de vida decente, afectando em particular os grupos e pessoas mais desfavorecidos".
Assim, a ONU, depois de lembrar que a taxa de pobreza atingiu 18,7% em 2012, o nível mais elevado desde 2005, sublinha a sua preocupação com os "altos níveis de desigualdade no rendimento" e recomenda a Portugal que "fortaleça os esforços para combater a pobreza", nomeadamente combatendo as falhas na cobertura da protecção social e a adequação dos subsídios, garantindo que o sistema de segurança social incida efectivamente sobre os que estão em alto risco de pobreza.
Especificamente, os peritos da ONU consideram que o nível de referência do RSI deve "ser aumentado progressivamente para garantir o aumento do número de beneficiários elegíveis".
Por outro lado, a ONU recomenda também que o índice de apoio social seja "ajustado em linha com a evolução das necessidades dos beneficiários, com vista a reduzir as desigualdades no rendimento e acabando por eliminar o impacto adverso das medidas de austeridade.
Lusa/SOL