Ricardo Salgado está hoje a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
19:14 – Terminou a audição a Ricardo Salgado. O ex-presidente foi ouvido durante quase 10 horas, apenas com uma pausa de 30 minutos para almoço. Segue-se a audição a José Maria Ricciardi, presidente do BES Investimento e primo de Salgado.
18:50 – Salgado acusa o seu primo Ricciardi de ter recebido “alguma contrapartida” por uma eventual queixa ao supervisor bancário. “Estou a trabalhar para defender a dignidade e a honra da minha família.” Esta frase foi múltiplas vezes repetida por Salgado na audição de inquérito parlamentar, mas já na recta final assume um “comportamento curioso” do seu primo José Maria Ricciardi. Salgado e o primo travaram uma acesa guerra pelo poder no BES.
“De facto, o Dr. Ricciardi teve um comportamento, no mínimo, curioso. Se fez alguma denúncia ao Banco de Portugal acho que, no mínimo, dever ter tido alguma contrapartida por isso”, afirma. Recorde-se que essa carta terá fundamentado as suspeitas do Banco de Portugal, ao mesmo tempo que permite a Ricciardi isentar-se de quaisquer responsabilidades nas contas da Espírito Santo Internacional, a holding do grupo.
O seu primo Ricciardi já está no Parlamento a aguardar pela sua audição, inicialmente marcada para as 15 horas, adiada para as 17 horas e que já soma um atraso de quase duas horas.
"O Dr. José Maria Ricciardi esteve em vias de ser despedido. Mas o presidente da ESI pediu, numa reunião na Rua de São Bernardo, calma para manter a unidade da família. Encontrou-se uma solução. Houve uma ameaça de que iria falar na imprensa. Não sei sobre o quê. Estava tudo falado. Mas isso não o inibiu de continuar a enviar cartas para o Banco de Portugal."
18:45 – “Acredito ter sido dos portugueses que mais pagou impostos. Tive sempre os meus impostos em dia”, garante Salgado. Recorde-se que o ex-presidente do BES aderiu ao regime excepcional de regularização tributária (RERT), uma espécie de amnistia fiscal, para regularizar o dinheiro que tinha no exterior.
18:40 – O ex-presidente do BES diz que a resolução do BES foi um erro e apelida o Novo Banco de “marca branca”. “Foi um erro a destruição, a resolução do BES. Veremos lá para frente o que acontece”, lamenta Ricardo Salgado.
“Foi com imensa pena minha aquilo que aconteceu. Tínhamos uma equipa de primeiríssima. Algumas pessoas continuaram, apesar de convites da concorrência para sair.”
“Substituir uma marca de 145 anos por uma marca branca com um símbolo efémero e ter o Banco de Portugal a assumir uma venda rápida… Acredita que algum cliente sinta confiança nestas circunstâncias?!” Dos 10 mil milhões de euros de depósitos que saíram do BES, o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, revelou recentemente que já conseguiu recuperar dois mil milhões. “Acho formidável”, elogia Salgado.
18:00 – “Foi uma tristeza ver o que aconteceu à Portugal Telecom. Foi o único elemento no risco sistémico que não consegui prever”, lamenta Salgado. “Vejo felizmente que há vários interessados na PT”, diz. O ex-presidente do BES acrescenta que cabe aos accionistas avaliar a melhor oferta e recorda que o Novo Banco ainda tem uma posição significativa no capital da PT e, como tal, poderá dar a sua opinião na alienação da operadora.
“O BES sempre esteve ao lado da PT no financiamento de todas as operações.”
Sobre o impacto da resolução do BES, Salgado considera que "ainda ninguém sabe avaliar muito bem os efeitos". "Só espero que me engane e que o Novo Banco siga em frente".
"A mensagem que tenho passado aos colaboradores que me procuram é: trabalhem muito e bem para que o Novo Banco siga em frente."
17: 43 – O empresário Pedro Queiroz Pereira apresentou um dossier ao supervisor bancário, alertando para a situação no GES. O governador garantiu que começou a averiguar o que se passava no grupo antes dessa denúncia. “Desconheço por completo as referências feitas pelo senhor Pedro Queiroz Pereira ao Banco de Portugal. Parece-me que estavam relacionadas com a avaliação dos activos.”
Salgado recorda a longa tradição de associação ao grupo Queiroz Pereira, que começou ainda no tempo do pai de Pedro Queiroz Pereira, Manuel Queiroz Pereira. “Não conheço a bondade nem a dimensão do dossier.”
“Nunca quisemos adquirir as empresas do grupo Queiroz Pereira”, garante o ex-presidente do BES.
17: 40 – Ricardo Salgado rejeita ser caracterizado como “centralizador” de poder, o que, tal como a designação de ‘dono disto tudo’, são “ideias artificialmente criadas”.
O ex-presidente do BES diz que a sua visibilidade poderá ter “incomodado” algumas pessoas, referindo-se ao seu primo José Maria Ricciardi, mas declinando, mais uma vez, tecer quaisquer comentários sobre membros da sua família.
17: 15 – “Sobre o ‘dono disto tudo’ passar a ‘vítima disto tudo’, quero dizer que não venho aqui pôr-me na posição de vítima. Venho cá dar a minha visão dos acontecimentos […] A minha responsabilização será apurada pela via judicial, nos tribunais”, defende-se Ricardo Salgado.
“O que fiz foi defender o interesse dos clientes, numa envolvente politica, económica e financeira muito complexa. Nunca passei por uma crise desta dimensão.”
17:00 – “Não deixa de ser estranho que o ‘dono disto tudo’ (DDT) apareça aqui hoje como a vítima disto tudo”, afirmou Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda.
Salgado responde: “Considero-me uma pessoa sóbria e nunca fiz mal a ninguém."
"Nunca pensei ser o 'dono disto tudo'. A designação ‘dono disto tudo’ é irrisória, bem como outras designações de poderosos. O ‘dono disto tudo’ é o povo português, de quem os senhores deputados são representantes. Isso foi uma caracterização que me foi colada, para certamente me prejudicar no futuro.”
16:47 – “Eu gostaria de ver os resultados das auditorias forenses”, diz Salgado. Recorde-se que a auditoria pedida pelo Banco de Portugal à Deloitte está na fase de elaboração de relatórios.
“O BES escusava de ter desaparecido”, desabafa Salgado a propósito das provisões impostas pelo Banco de Portugal no valor de cerca de 2.000 milhões de euros.
16:45 – Ricardo Salgado garante que a compra dos submarinos foi altamente escrutina pela justiça. “O Ministério Público deve conhecer bem este dossier. Não houve pagamentos de comissões a políticos, foi o que me garantiram.”
16:41 – Ricardo Salgado acredita que Manuel Pinho não terá tido qualquer interferência na venda da Portugália, do GES, à TAP. “Acho que a operação foi feita pelo mérito da PGA para a TAP e diminuição da concorrência para a TAP. Não acredito que alguém do BES tenha contribuído para esta transacção [venda da PGA à TAP]. A PGA estava a ser gerida de forma independente na área não financeira”, explica. Salgado conta que encontrou, num voo há cerca de cinco meses, o presidente da TAP. Fernando Pinto disse-lhe estar “encantado com a PGA”.
16:10 – Sobre todas as gravações das reuniões do conselho superior do BES, onde estavam reunidos os cinco ramos da família Espírito Santo, Salgado garante desconhecer que estava a ser gravado. “Estava rodeado de aldrabões.” Esta foi uma das citações do ex-presidente do BES numa das reuniões do conselho superior, que agora justifica com um excesso de linguagem apenas permitido pelo grau de informalidade que pautava essas reuniões.
“Alguém desencadeou as gravações e passou cá para fora. Nem sabia que estava a ser gravado. O conselho superior tinha uma informalidade e uma liberdade de linguagem não permitida em outras organizações.”
16:00 – “As acções do BES começaram a cair na altura em que foi anunciada a minha saída”, diz Ricardo Salgado. “O aumento de capital foi um bom exemplo da boa gestão do banco.” O ex-presidente fundamenta que os riscos estavam enumerados no prospecto, alvo de 30 alterações impostas pela CMVM. “O Banco de Portugal diz que é absolutamente essencial proteger o GES do risco reputacional.”
15:50 – Questionado se o BES faliu por má gestão, Ricardo Salgado faz um balanço do seu percurso profissional: “Passei por sete grandes crises internacionais. Estive no Brasil, na Suíça e voltei para Portugal em 1992. Passei por crises enormíssimas […] Estou de consciência tranquila. Em 40 anos de actividade não tenho nada que me arrependa.”
“Tenho uma carga pesadíssima em cima de mim por o BES e o GES terem soçobrado. Há responsabilidades do nosso lado, mas há de muitas outras entidades.”
“Sou católico praticante e tenho o maior respeito por Santo Agostinho, sempre que posso leio as meditações de Santo Agostinho”, responde o ex-presidente do BES a Carlos Abreu Amorim, que lhe recomendou a leitura do livro.
15:40 – “Sou uma pessoa que me considero sóbria.” Salgado diz ter aceite a “liberalidade” [“prenda de 14 milhões de euros do construtor José Guilherme] com pareceres prévios em 2012. Quando o Banco de Portugal retoma o assunto em 2013, o ex-presidente do BES voltou a pedir novos pareceres. “Se tivesse sido levantada a questão com clareza e idoneidade, tinha imediatamente pedido a minha demissão.”
14:40 – A audição é interrompida para hora de almoço. Os deputados da comissão retomam os trabalhos às 15h15.
14: 35 – Ricardo Salgado não apresenta detalhes sobre os 14 milhões de euros recebidos pelo construtor de José Guilherme, de quem garante ser amigo de longa data. “José Guilherme nunca precisou do BES em Angola para nada. Era mais credor do que devedor”, diz. Salgado garante que o sucesso do construtor não se deve ao BES.
14:30 – Salgado rejeita que algum político tenha beneficiado de comissões na operação de aquisição dos submarinos. “Não foram pagas comissões a quem quer que seja, ao nível político.”
Sobre essa aquisição de submarinos para a marinha portuguesa, Salgado admite ter sido um erro ter participado no negócio. “Foi um dos erros de julgamento do GES ter entrado nessa operação, para a qual também contribui. Decidimos não fazer mais operações deste género, pelo impacto na reputação do BES.”
14:27 – “A Escom está integrada num processo [Monte Branco] no qual eu sou arguido”, referiu Salgado para invocar segredo de justiça.
14: 25 – “Espero sinceramente que não aconteçam consequências mais graves, difíceis de ser monitorizadas”, diz Salgado. “Para já, o que se está a ver é que o nível de capitalização do BES foi totalmente dizimado”, alertando ainda para a repercussão no segmento das empresas de uma eventual paralisação do crédito do BES e para um eventual diferencial no montante pelo qual o Novo Banco será vendido.
14: 24 – O ex-presidente do BES lamenta o desfecho do BES Angola. “O que aconteceu ao BES Angola foi uma lástima. Lamento que a situação do BES tenha contribuído para isso. A resolução do BES colocou as acções do BESA no banco mau, caracterizando o BESA como activo tóxico.”
A primeira referência das garantias do Banco Nacional Angolano ao BES Angola foi formulada ao presidente da República, Cavaco Silva. Salgado garantiu, na altura, a Cavaco Silva que a relação estratégica Portugal-Angola não estava ameaçada ou rompida.
14:14 – Salgado confirma que, além de reportar a situação do GES ao primeiro-ministro e à ministra das finanças, recorreu também a Carlos Moedas, uma notícia avançada pelo SOL. O ex-banqueiro também pediu ajuda a Durão Barroso.
“O que fizemos foi comunicar ao governo, pela última vez, o risco sistémico e a necessidade de obter um empréstimo intercalar para a área não-financeira. O senhor primeiro-ministro rejeitou, ao contrário daquilo que o grupo tinha feito para salvaguardar muitas empresas portuguesas.”
Sobre o recurso a Carlos Moedas, Salgado refere: “Tivemos oportunidade de falar com ele, era um financeiro muito inteligente. Mas julgo que ele nada fez. As peças-chaves eram o primeiro-ministro e a ministra das finanças.” Salgado acrescenta que “Carlos Moedas e Durão Barroso ouviram, compreenderam e remeteram para o Governo”.
13:42 – Salgado tece fortes acusações ao rumo dos acontecimentos desde que saiu do BES, critica o ultimato de 48 horas dado a Vítor Bento para a realização de um aumento de capital e questiona a medida de resolução adoptada a 3 de Agosto.
O ex-banqueiro contextualiza: “A 30 de Julho eu já não estava no banco. Sai no dia 13 de Julho. No dia 12, enviei uma carta ao Banco de Portugal referindo que havia investidores institucionais interessados no banco.” Salgado diz que o Banco de Portugal remeteu o assunto para a nova administração que, por sua vez, adiou a questão até ao final do mês de Julho. Nessa altura, o supervisor dá 48 horas para um aumento de capital.
Na opinião de Salgado, “essa carta do Banco de Portugal é uma forma do Banco de Portugal e se desresponsabilizar. Não se faz um aumento de capital em 48 horas. Isso não existe. Só se fosse um milagre! Como não foi possível, resolução! Parece que isto estava tudo mais ou menos orientado para o mesmo”, acusa Ricardo Salgado.
13:35 – “Nunca menti. Nunca disse nada que pudesse ser mal-interpretado […] E nunca, por nunca coloquei qualquer obstáculo à mudança no governance do banco”, insiste o ex-presidente do BES.
13:10 – Salgado rejeita qualquer promiscuidade nas relações com o Executivo, recordando a cor do governo:16 anos PSD, 13 PS e três bloco central. “Todos os bancos contribuíram com colaboradores seus para o Governo […] Não chamaria a isso promiscuidade. Posso garantir que o comportamento do grupo, que existe há 145 anos, deu-se com todos os partidos transversalmente. Todas as administrações dos bancos têm contactos com o Governo e daí não resultam relações promiscuas.”
13:05 – “O grupo criou 25 mil a 30 mil postos de trabalho desde que voltou em 1991/1992. Choca-me que refiram o grupo como Ponzi [esquema fraudulento].”
12:55 – Entre os clientes com obrigações em carteira, Salgado diz desconhecer a sua identidade, mas assume que “eram não residentes e na sua maioria particulares”. Entre esses clientes constam, por exemplo, a comunidade portuguesa na Venezuela e na África do Sul.
12: 47 – Questionado sobre a sua sucessão, Ricardo Salgado recorda que apontou dois nomes ao Banco de Portugal: Morais Pires e Joaquim Goes. “Joaquim Goes gozava do apreço do Banco de Portugal. Fiquei, por isso, surpreendido por ser suspenso, apesar de depois ter sido readmitido como consultor.” Salgado relembra ainda que defendeu Morais Pires, quadro no banco durante 28 anos, como a escolha adequada.
O atraso na sucessão arrastou-se porque, entre outras razões, “o Banco de Portugal não estava em condições de avaliar a idoneidade de Morais Pires […] Encontrei o Dr. Vítor Bento que prezo muito”, concluiu.
12: 40 – “Sempre acolhi as instruções do senhor governador.” Retomando o tema da idoneidade, Salgado é novamente categórico: “O senhor governador nunca me disse que eu devia sai da administração. Disse que a família deveria sair da administração do BES. A família toda.” Salgado chegou a afirmar que já tinha revelado aos jornalistas que quando assinalasse 70 anos deixaria a presidência do Banco. “Não queria de forma alguma agarrar-me ao lugar.”
12:35 – O ex-banqueiro explica que a ESI, holding mãe do grupo, liderada pelo Comandante Ricciardi, não era auditada. “A ESI passou a ser um instrumento instrumental para o aumento do financiamento do grupo, porque a Rioforte ainda não estava dotada de capital para tal.”
12:32 – “A Eurofin nasceu, como todas as empresas com capacidade de iniciativa, como uma sociedade financeira.” Era um corretor, um private equity, uma sociedade de aconselhamento, que se foi diversificando. “O Grupo Espírito Santo colapsou e a Eurofin continua a traballhar.” Entre os clientes da Eurofin estão: os Hotéis Hilton, o Manchester City, a Cisco, entre outras. A Eurofin não beneficiou de capitais desviados do BES, reinvestiu esses capitais. “O Banco de Portugal conhecia a Eurofin desde Dezembro.”
12:17 – "O BES não faliu. O BES foi forçado a desaparecer", diz o ex-presidente do Banco.
12:16 – “O financiamento intercalar pedido ao Estado era um empréstimo a cinco anos ao ramo não financeiro. Não pedimos ao Estado para entrar no capital.”
12:15 – “Ouvi surpreendido as declarações do Governador sobre o braço de ferro comigo. Nunca o senhor governador disse que me retirava a idoneidade. Bastaria um sinal para eu me demitir do BES.” Ricardo Salgado acredita que, no futuro, não poderão haver grupos mistos – com área financeira e não financeira.
12:10 – Saíram 10 mil milhões de euros de depósitos do BES, recorda Salgado, alegando que, perante essa fuga de fundos, o crédito ficou paralisado. Muitas empresas foram forçadas a recorrer à concorrência, mas não conseguiram crédito.
12:05 – “O professor Ernâni Lopes considerava o GES um centro de racionalidade e estruturante no panorama nacional.” O factor multiplicador de criação de emprego, é um dos destaques do ex-presidente. O GES investiu 8.000 milhões de euros em Portugal. Um número ainda não fechado, mas que contabiliza, por exemplo, o contributo do accionista de referência francês, o Credit Agricole. O Hospital da Luz, a empresa Multipessoal, a promoção e a internacionalização de PME são alguns dos exemplos enumerados por Ricardo Salgado.
12:02 – Ricardo Salgado garante que o BES não incumpriu as exigências do Banco de Portugal e defende que a impossibilidade de concretizar o plano tinha um risco sistémico, o qual foi apresentado ao supervisor por três vezes.
12:00 – A sentença de morte veio quando não conseguimos fazer o aumento de capital na Rioforte. Essa sentença de morte evolui ao longo do tempo.”
11:52 – As inspecções [ETTRIC 2] consideravam que o Grupo era sustentável, desde que o programa fosse executado. “O ring fencing [medida imposta pelo Banco de Portugal] impediu a recuperação, a possibilidade de discutir um programa de médio prazo. Tempo foi aquilo que não nos foi dado.” Salgado queixa-se da “pressão para vender”. “Quem vende com pressa vende mal.”
11:44 – “O próprio Banco de Portugal enviou inspecções a Angola e obteve os problemas em ter acesso a documentos confidenciais, como a concessão de crédito.” Ricardo Salgado defende-se de todas as operações realizadas em Angola reiterando que deixou de ter acesso às informações do BES Angola quando os serviços informáticos foram autonomizados, em resposta ao deputado Pedro Nunes Santos do PS.
11:30 – “Afirmei depois de ter saído do Banco e passado um mau bocado, seguido de muito outros, que iria defender a dignidade e honra da minha família. Não contem comigo para atacar ninguém da minha família.”
“Eu vivia dentro do banco. Era dos primeiros a chegar e dos últimos a sair. Dediquei 70% dos fins-de-semana a trabalhar em casa. Dediquei a minha vida exclusivamente ao Banco, não posso aceitar ser responsabilizado por tudo o que se passou na área não financeira do grupo […] Os cenários apresentados, até na televisão, são totalmente falsos. Não houve desvios de dinheiro.”
11:25 – O “presente” de 14 milhões de euros do construtor José Guilherme é o primeiro tema abordado na comissão em que Salgado invoca o segredo de justiça. “Esse assunto é do foro pessoal, está enquadrado no segredo de justiça, que não posso comentar mais em detalhe nesta altura.”
11:08 – O deputado Carlos Abreu Amorim duvida que Salgado só conhecesse a situação no BESA pelos jornais. O antigo presidente refere que “O Sr. Carlos Abreu Amorim é extremamente perspicaz. Eu estou a falar de sinais".
11:05 – Salgado refere que “a partir de determinada a altura, começamos a ter informações estranhas em Lisboa" nomeadamente em notícias nos jornais. Alem disso, os "clientes queixavam-se que não eram recebidos pela administração do BESA, assistimos ao crescimento do crédito, elevando o rácio de transformação, e chegámos a uma altura em que o BNA exige aos bancos total dependência informática do exterior. Essa autonomia foi imposta em 2009"." Quando perceberam o que se passava em Angola, era uma situação pavorosa, que ultrapassa tudo e todos”.
11:00 – Salgado é questionado pela situação no BESA e o crédito malparado na instituição. "Os 3.300 milhões de euros de financiamento ao BES Angola também serviram o apoio a empresários portugueses naquele país. Não escondo que uma parte desses activos tivessem tradução em títulos de divida soberana angolana. Mas nunca dúvidas do reembolso dessa dívida, porque estavam protegidos por uma garantia do Banco Nacional de Angola"
10:56 – “O GES entrou em colapso por não haver tempo para executar as operações de médio prazo. Não houve fuga de dinheiro e espero que a auditoria mostre isso.”
10: 51 – “Ninguém se apropriou de um tostão nem na administração, nem na família, nem nos quadros directivos”, afirma o ex-banqueiro em resposta ao deputado Carlos Abreu Amorim do PSD.
10:50 – “Estamos todos à espera da auditoria forense para perceber o que aconteceu.” Ricardo Salgado repetiu, mais uma vez, que todas as operações realizados tiveram como “objectivo garantir a protecção dos clientes o máximo possível”.
10: 41 – Ricardo Salgado acusa o contabilista da ESI e rejeita a responsabilidade pela ocultação de prejuízos na holding do GES. “Não dei instruções a Machado da Cruz [commissaire aux comptes responsável pelas contas da ESI] para ocultar prejuízos e manipular contas.” O contabilista prestou serviços relevantes ao Grupo durante 22 anos. Quando pediu a demissão, Salgado rejeitou. Esta rejeição é explicada pelo ex-presidente do BES por uma missão que o contabilista tinha entre mãos nos Estados Unidos. “Não o vejo há largos meses.”
10:38 – "Nunca dei instruções a ninguém para ocultar contas."
10:30 – "Senti ser meu dever explicar os meses intensivos de Outubro de 2013 a Junho deste ano." É, desta forma, que Salgado termina a declaração inicial garantindo que tentou preservar a unidade no Banco, no Grupo e na família.
"O nome Espírito Santo pode ser apagado da fachada do banco mas não pode ser apagado da história de uma família com mais de 145 anos."
O ex-presidente assumiu que sabe "que muitos tudo perderam" com o colapso do grupo, recorda as dificuldades enfrentadas pelo grupo evitar o colapso, enumera os benefícios do Grupo para a economia do País com a criação de emprego e a salvação de muitas empresas, e relembra as condições adversas da realização do aumento de capital.
"Não apontei o dedo a ninguém, nem antes de Julho, nem depois da resolução. Tendo acertado e errado, considero-me idóneo. Ninguém ao longo de 22 anos questionou a minha idoneidade."
10:20 – "Tal como espero que venha a ser exaustivamente provado, estas operações pretendiam a protecção dos clientes do banco. Ninguém do BES, GES ou família Espírito Santo teve qualquer benefício daqui decorrente."
"O prejuízo do banco não corresponde a milhões a sair do banco e a ir para offshores no estrangeiro, mas para provisões."
10:15 – Salgado faz um paralelismo entre aquilo que foi pedido ao BES e aquilo que a troika poderia ter exigido ao País. Para o ex-banqueiro seria “despropositado” comprar o BES a Portugal, mas explica que esta analogia tem como intuito contextualizar melhor tudo o que aconteceu.
10:10 – “A ideia de que o destino do GES não contaminaria o BES começava a revelar-se uma mera ilusão.”
O processo de sucessão de Salgado desencadeou reacções negativas nos investidores, refere Salgado. Para o ex-presidente do BES a queda das acções terá começado nesta altura. Para atestar o desempenho do BES na bolsa distribuiu um gráfico pelos deputados da comissão.
Salgado critica também as dúvidas do Banco de Portugal quanto à idoneidade de Morais Pires, CFO do BES, que numa primeira fase foi escolhido para seu sucessor. “O Sr. Governador disse-me ao telefone que seria [presidente do BES] quem eu entendesse.”
10:00 – O ex-presidente do BES recorda que alertou o governador para o risco sistémico pela terceira vez, adiantando que em carta ao governador, ao presidente da república, ao primeiro-ministro, à ministra das finanças e da comissão europeia. Nesse momentpo, optou-se por adiar a mudança de governance para um momento posterior ao aumento de capital.
09:55 – Salgado acusa o Banco de Portugal de fazer “pressão que o vice-governador apelidou de persuasão moral”. “Quero deixar bem claro que era minha firma intenção iniciar um novo modelo de governace. O governador disse-me de forma clara que queria que fosse eu a liderar esse modelo de mudança".
09:53 – O BES e o GES foram tentando avançar em quatro grandes missões no final do ano passado: Preparar e lançar o aumento de capital do BES, aumento de capital da Rioforte, acelerar as vendas na área não financeira e reembolsar o papel comercial. “Tudo realizado num clima mediático de permanente debate”, refere. Repoercurssão mediática de cada passo e cada divergência.
09:50 – “O GES queria colocar o BES acima de qualquer problema. Acredito que o Banco de Portugal queria o mesmo”. A auditoria, elaborada a pedido do Banco de Portugal, revelou que “o GES era economica e financeiramente viável”.
09:45 – O conselho superior reuniu a 3 de dezembro com o Banco Portugal e apresentou uma proposta de solução para curto e médio prazo. Passado duas horas, o Banco de Portugal impunha o reembolso do papel comercial até ao final de Dezembro. A 5 de Dezembro foi enviado um documento de trabalho preliminar ao regulador, no qual foi assumida a inexequabilidade de responder à exigência do Banco de Portugal em tempo útil. “Parece provável, se não inevitável, a contaminação sistémica”, respondia Salgado ao regulador.
Na área não financeira, o ex-banqueiro dá destaque aos problemas descobertos na ESI. A auditoria da PricewaterhouseCoopers reportou um passivio não registado nas contas da ESI, o que afectava a divida directa e não directa do grupo. “Tomámos conhecimento e, de forma consciente e realista, procurámos soluções adequadas”.
09:43 – “Vou ser inteiramente factual”, garante, deixando as interpretações dos factos para terceiros.
09:36 – “Ninguém questionou a estratégia definida”, afirmou referindo-se ao Banco de Portugal e accionistas. “Houve inúmeras análises positivas ao BES”. Ainda em Fevereiro de 2014, o BES tinha recomendações de compra de várias instituições.
Salgado garante que “não existia qualquer fuga ou temor secreto”. “Era o que se afigurava de melhor para a estratégia do Banco.”
O Banco de Portugal tinha uma equipa no banco desde 2009 e “podia pedir acesso aos documentos que entendesse”.
O BES realizou 10 aumentos de capital desde 1991 e acedeu ao mercado externo em 2012 e 2013, o que “justifica o não recurso” à recapitalização da troika.
09:31 – Em junho de 2014 aumentou o capital do BES em 1.040 milhões de euros. “Sempre quisemos manter o controlo do Banco Espírito Santo em mãos portuguesas”.
09:30 – “A marca BES valia mais de 900 milhões de euros em 2011. Em Junho deste ano valia mais de 600 milhões de euros.”
09:27 – BES era o segundo banco com o melhor rácio de eficiência em 2010, recorda Salgado.
09:25 – Ricardo Salgado faz uma descrição exaustiva dos efeitos da crise financeira no sector bancária, nos ratings das instituições, do desempenho em bolsa, das medidas adoptadas no sector na sequência do pedido de resgate de Portugal à troika. Portugal não teve o apoio dado aos bancos irlandeses e aos gregos.
09:20 – Para Salgado, a crise no BES não pode dissociar-se da crise financeira de 2008.
09:18 – “Eu e a minha família fomos acusados na opinião publica. Tudo histórias totalmente falsas, que acabaram por ocultar a verdade".
09:15 – “Nunca tive oportunidade de falar. Apenas fiz uma referência que estava a trabalhar para defender a minha dignidade e honra da minha família”, refere Ricardo Salgado, referindo-se às inúmeras notícias que foram publicadas nos últimos meses sobre os seus últimos actos de gestão à frente do Grupo Espírito Santo.
09:14 – Em alusão a um proverbio chinês, o ex-banqueiro destaca: “O leopardo quando morre deixa a sua pele, um homem quando morre deixa a sua dignidade” e é nessa missão que Salgado está a trabalhar. “Foi sempre exemplar e inequívoca a solidariedade dos membros do órgão de conselho de administração”, garante.
09:12 – Fernando Negrão dá início aos trabalhos. Avisa que Salgado fará uma intervenção inicial "longa". Será mais de uma hora.
09:08 – Ricardo Salgado entra na sala da comissão de inquérito, demasiado pequena para o número de jornalistas e fotógrafos.
09:05 – Ricardo Salgado chega ao Parlamento para ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito. Fernando Negrão, presidente da comissão, sublinha que é "mais uma audição". O ex-presidente do BES faz uma intervenção inicial superior a uma hora.
em actualização