“Era uma narrativa que o departamento de comunicação do BES tinha capacidade de pôr nos jornais”. O gestor admitiu considerar que poderia ser um dos candidatos ao lugar, mas não era essa a motivação.
Depois da célebre reunião onde Ricciardi se recusa dar um voto de confiança a Salgado, as tréguas foram assinadas devido a compromissos comentado presidente do BES. Salgado comprometeu-se a mudar o governance do grupo, a iniciar o processo de sucessão e que retiraria a palavra de que eu tinha feito um golpe de estado. Perante estes três compromissos, Ricciardi enviou um comunicado a assumir o seu voto de confiança em Salgado.
No entanto, como Salgado não cumpriu qualquer uma das três promessas, Ricciardi explicou que voltou depois a pôr em causa o modelo de gestão, chegando a enviar, em Fevereiro deste ano, uma carta para o Banco de Portugal com alertas sobre situações “suspeitas” no GES.
BES devia ter solicitado recapitalização pública
O gestor confessou que ficou “chocado” quando descobriu que as contas não eram verdadeiras e, por isso, pediu uma auditoria para que fossem apuradas as responsabilidades.
O principal problema do grupo foi “má gestão”, acusou: “Não enfrentar os problemas e andar para a frente. Como os problemas não eram resolvidos, eram ocultados”.
O banqueiro acredita que, se o rumo dos acontecimentos tivesse sido outro e o Estado tivesse entrado no banco comiam injecção de capital logo em 2008, o BES ainda hoje existiria. Ricciardi dá mesmo a entender que a transparência na gestão terá sido uma das razões que afastou o recurso à linha da troika.
“Seríamos mais pequenos, mas mais honrados se tivéssemos pedido o acesso à linha de recapitalização pública”, defende. O BES foi o único dos grandes bancos que não recorreu à linha da troika para recapitalizar o sector.