Nos dias que correm, esta evoluiu e evoluiu muito, mas a intenção mantém-se inalterada! O que faz com que essa forma de expressão seja usada das mais variadas maneiras e com objectivos bem díspares. Quando à noite olho para uma pista de dança de uma discoteca qualquer é isso que sinto, pessoas a movimentarem-se ao som de um ritmo que os aproxima, que os envolve e que os identifica, como tribos tal qual eu via nos filmes.
É curioso ver como casais felizes têm sempre aquelas a que chamam 'as nossas músicas', sentimento de pertença puro e genuíno que as retira da esfera de quem as fez e as transporta para o domínio emocional. Seja no momento de fazerem amor, no casamento ou nas alturas mais críticas , quando choramos sozinhos no canto a recordar e a pedir aos céus que tudo regresse à normalidade, existe sempre uma que nos ajuda a superar a tristeza e que acompanha os nossos anseios e expectativas.
Quando nos deitamos também aí são elas que muitas vezes nos definem o sono e nos guiam para vidas bem diferentes com alguém que nem conhecemos em situações que nunca sequer imaginámos. Essa é a magia das estrofes mais bonitas e das notas que por alguma razão que não conseguimos explicar nos tocam como um raio ou como um ursinho de peluche bem no centro do nosso coração.
Ela é também a razão de muitos encontros e desencontros de ânimo e algum desânimo também, mas que nos acompanha em cada passo que damos e em cada sítio que escolhemos como nosso. Da mesma forma que um perfume identificamos vezes sem conta, determinada pessoa por uma música que tocava na rádio ou no bar quando a conhecemos ou quando despertou em nós algo mais nesse preciso momento.
É por isso o bálsamo escondido, o elixir da eterna juventude que junta tantas vezes velhos e novos, que consegue pôr famílias a cantar e gente que se odeia a bater o pé da mesma forma. É razão da união de diferentes povos com convicções bem distintas, religiões opostas. De uma transversalidade brutal que coloca em diferentes pontos do globo grupos, no mesmo preciso momento, em volta do mesmo compasso.
Às vezes, quando tudo corre mal, quando a esperança se desvaneceu, quando não há volta a dar e tudo mas mesmo tudo parece perdido, nesse momento tudo o que precisamos é de fechar os olhos deixar que a pele se arrepie e que o mais profundo do nosso ser se amoleça . Só precisamos de ouvir 'aquela' música. A dos nossos sonhos…