O BES ainda vai no adro

Claro que quem tem convicções previamente formadas, como muitos dos meus críticos, não duvida de quem o convenceu realmente nas audiências de ontem sobre o BES na Assembleia da República. 

A mim, nenhum dos 2 me convenceu: Ricardo Salgado falou, falou, com uma calma que explica porque foi ele o líder do grupo durante 22 anos (apesar de tão mau empresário), tentou colar-se à defesa de toda a Família Espírito Santo (no fundo a mais prejudicada por ele, embora também por ele responsável, ao pretender que o grupo fosse andando sem reparar no desconcerto em que andava), mas nunca explicou algumas das suas atitudes mais polémicas, nomeadamente o facto de um presidente de Banco receber gordas comissões (nunca se saberá quantas e quanto?) de clientes da instituição. Ricciardi, hiper-excitado, a atropelar frases e palavras, convencido de que se safou da borrasca com a venda do BESI com ele à frente (mas será isso possível na Europa, ou só os chineses o acham, numa comparação com o seu regime, e um dia destes vêem-se sem nada na mão?…), e demonstrando à saciedade que não tem capacidades de temperança e liderança (para além da amizades neste momento influentes que ostenta).

Salgado ainda disse uma coisa importante, em que o Jornal de Negócios hoje pega: “O Lehman faliu. O BES não faliu. Foi forçado a desaparecer”. Mas, como pondera o JN, poderia o BES e o GES subsistir naquele caos?

Claro que atacar nisto o elo mais fraco (o governador do Banco de Portugal, que demonstrou na minha opinião não estar à altura dos factos) e o Governo (aparentemente em fim de funções, e de aliado privilegiado de Ricciardi), pode ser o mais lógico. Mas duvido que Salgado se safe com essa (embora admita que acabe por arrastar consigo Ricciardi e Costa). Resta saber porque a Justiça continua tão atrasada neste caso.