"A fuga de depósitos e o corte das linhas interbancárias acentuou a crise de liquidez do banco tornando-o completamente dependente da linha de emergência do Banco Central Europeu (ELA), situação que se tornaria insustentável num curtíssimo prazo", afirmou o responsável na sua intervenção inicial da audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES.
E reforçou: "Assim, os factos demonstram que a crise do BES antes de ser uma crise de capital foi uma crise de liquidez".
Morais Pires disse que a fuga de depósitos só se começou a sentir no BES no início de Julho, depois de a sua candidatura a presidente executivo por recomendação do Espírito Santo Financial Group (ESFG) ter caído para dar lugar à equipa de Vítor Bento e João Moreira Rato, a 4 de Julho.
As notícias sobre os avanços e recuos sobre a equipa de gestão que substituiria a administração de Ricardo Salgado criaram "uma situação de 'stress' no BES caracterizado por um aumento significativo da volatilidade, na cotação das acções e no preço das obrigações emitidas pelo BES e pelo início da fuga de depósitos", sublinhou Morais Pires.
A 7 de Julho, a comissão executiva do BES reuniu para "acompanhar e tomar medidas de emergência sobre o plano de contingência, tendo os seguintes tópicos: liquidez, capital, comunicação a clientes, e comunicação externa", revelou.
E deu lugar ao "famoso comunicado aos mercados no dia 10 de Julho sobre a exposição directa e indirecta do BES ao ESFG e ao Grupo Espírito Santo (GES)", salientou o responsável.
E acrescentou que "nesta fase começaram a sentir-se preocupações dos clientes nos balcões em Portugal e o levantamento de depósitos em Espanha".
Lusa/SOL